Durante o debate com o Governo sobre política geral, na Assembleia da República, o vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD Ricardo Batista Leite repetiu várias vezes que Portugal precisa de "salvar o verão e preparar o inverno" na saúde, na economia e na área social, para que o país "não seja apanhado em falso".
Na sua intervenção na segunda ronda, o social-democrata defendeu "testagem e rastreamento eficazes", defendendo que não se pode "apostar tudo na vacinação".
Também sobre vacinação, o deputado Ricardo Batista Leite disse ser preciso assegurar que em setembro existem as vacinas da gripe necessárias, além das vacinas contra a covid-19.
Na resposta, a ministra da Saúde atirou que "salvar o verão e preparar o inverno significa sobretudo ser formiguinha e trabalhar todos os dias" e que isso é o que os profissionais sob a sua tutela "costumam fazer".
"Temos de trabalhar todos os dias para salvar, não só o verão, mas também o inverno e todas as estações do ano, para dar melhores condições de vida a todos os portugueses e para garantir que o país pode continuar para lá desta terrível pandemia que sobre nós se abateu", defendeu.
Elencando medidas que têm sido tomadas pelo executivo, Marta Temido destacou a expansão dos cuidados intensivos e a "duplicação da capacidade de ventiladores de que o país dispõe", além da melhoria do vínculo laboral dos profissionais de saúde.
A governante salientou também o reforço da capacidade de testagem, assinalando que Portugal "é um dos países da União Europeia que mais testes realiza por milhão de habitantes", com "quase 11 milhões de testes" realizados ao todo e uma média de "38.100 testes por dia".
No que toca à vacinação, Marta Temido disse que está a ser preparada a inoculação contra a gripe e que, contra a covid-19, "a melhor arma" contra a pandemia, Portugal atingiu "os quatro milhões de pessoas vacinadas" e "cerca de 30% dos portugueses" já tomaram pelo menos uma dose.
Se as entregas das vacinas "continuarem a correr com uma relativa normalidade", a ministra acredita que a meta de 70% dos adultos vacinados até final do verão será cumprida "e será mesmo ultrapassada".
Já em termos de consultas, afirmou que "o SNS aumentou neste primeiro trimestre um milhão e meio as consultas médicas em cuidados de saúde primários" e que os rastreios oncológicos foram retomados, apesar de admitir que nas cirurgias ainda há "um trabalho de recuperação para realizar".
O deputado do PSD questionou também o Governo sobre o números de portugueses sem médico de família, apontando que o primeiro-ministro disse que em 2017 todos os cidadãos teriam profissional atribuído.
A resposta foi dada novamente pela ministra da Saúde, que afirmou que este é um compromisso que ainda não foi atingido mas que o Governo não desiste de "continuar a prosseguir", e recusou que "a alternativa para os médicos de família" seja "a privatização dos cuidados de saúde ou a entrega de listas de utentes a especialistas privados".
"É um facto que estamos ainda longe das metas a que nos propusemos mas os 935 médicos de família que esperamos contratar este ano e que esperamos garantir que, como recém-especialistas se fixem no SNS vão certamente ajudar-nos a contrariar esta tendência, bem como as unidades de saúde familiar e os novos centros de saúde", acrescentou Marta Temido.
Antes, o líder parlamentar do PCP tinha questionado o Governo sobre as obras do novo Hospital Central do Alentejo, acusando a Administração Regional de Saúde de "empatar o inicio da construção".
Na resposta, a ministra da Saúde indicou que a estimativa é que o estaleiro "esteja instalado antes do final do primeiro semestre deste ano".
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