Num comício na Praça 08 de maio, no coração da cidade de Coimbra, na apresentação dos candidatos do partido à Câmara e Assembleia Municipal, o dirigente comunista falou de um país que "andou para trás", num período de pandemia em que "se avolumam problemas de dimensão económica e social".
Problemas que, considerou, não se resolvem com o Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) nem com o Plano de Estabilidade apresentado em Bruxelas: "Não vamos lá com as opções contidas no Plano de Estabilidade que o Governo apresentou em Bruxelas para os próximos anos, no qual a recuperação económica e o investimento são condicionados e submetidos ao colete-de-forças dos critérios do Tratado Orçamental", disse.
Segundo o secretário-geral do PCP, "não será também com o PRR, essa bazuca dos milhões, que vai dar resposta aos grandes problemas, submetido que está aos critérios e objetivos impostos a partir do exterior e não a partir das necessidades e problemas que o país enfrenta".
Para Jerónimo de Sousa, no imediato é uma evidência que o país precisa de "travar e inverter as situações de pobreza que invadem muitos lares, criar emprego, assegurar e valorizar direitos e salários degradados, condição para o crescimento económico e assegurar as condições para o desenvolvimento da atividade económica, social e cultural".
"Alguns descobriram que há Odemiras de exploração desenfreada em Portugal", ironizou o líder comunista, que acusou a maioria dos partidos de fazerem uma frente unida com o PS contra "qualquer proposta do PCP que vise salvaguardar direitos dos trabalhadores".
"Há muito que Odemira é apenas parte de uma realidade mais larga, onde a violação dos direitos dos trabalhadores, as manobras obscuras de empresas de trabalho temporário, as condições de habitação e de saúde degradadas, as máfias, são uma prática corrente que afeta milhares de trabalhadores e que atinge em particular imigrantes", acrescentou.
Jerónimo de Sousa foi mais longe e disse que o problema da desregulação do trabalho "atravessa várias regiões e vários setores" do país, denunciando que os grandes centros urbanos se transformaram nas novas "praças de jorna digitais, onde as plataformas e muitas das empresas que promovem o teletrabalho navegam a seu belo prazer, sem restrições ou limitações a uma exploração brutal".
Leia Também: PCP exige "posição clara e contundente" de defesa dos palestinianos