Lisboa investe em duas frentes para tentar acordo sobre política agrícola
A presidência portuguesa da União Europeia (UE) vai tentar, esta semana, fechar um acordo sobre a reforma da Política Agrícola Comum (PAC) com negociações do trílogo e reunião dos ministros a decorrer em simultâneo.
© Ministério da Agricultura
Política Agricultura
Na reta final das negociações para se chegar a um acordo sobre a PAC 2021-2027 durante a presidência portuguesa do Conselho da EU que termina no final de junho, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, preside, na terça-feira e quarta-feira, a reuniões tripartidas (os trílogos que reúnem Conselho, Parlamento Europeu e Comissão) para limar as arestas finais nas negociações.
Na quarta e quinta-feira decorre o Conselho de Agricultura e Pescas, em formato presencial, e em paralelo, no segundo dia da reunião de ministros da UE, prosseguem simultaneamente os trílogos sobre a PAC, ficando a presidência do Conselho, no que à agricultura respeita, a cargo do secretário de Estado Rui Martinho e, nos assuntos de Pescas, nas mãos do ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos.
A ministra, por seu lado, voltará à sala das negociações com os eurodeputados e a Comissão Europeia com a missão de apresentar os desenvolvimentos da posição do Conselho e tentar um acordo sobre os três dossiês que compõem a PAC: os regulamentos dos planos estratégicos, da governação horizontal -- financiamento, gestão e acompanhamento da PAC -, e da organização comum do mercado de produtos agrícolas.
A este formato, o comissário europeu para a Agricultura, Janusz Wojciechowski, chamou de 'jumbo trílogo', porque junta a presidência do Conselho, os relatores dos três regulamentos, a Comissão e coincide com a reunião dos ministros, podendo Maria do Céu Antunes ir debatendo com os seus homólogos e com os eurodeputados à medida que as negociações avançam.
Um dos pontos ainda por fechar é a proposta de um novo fluxo de financiamento do orçamento dos pagamentos diretos (primeiro pilar) da PAC para "regimes ecológicos", que visa apoiar e incentivar os agricultores a adotar práticas agrícolas benéficas para o clima, a biodiversidade e o ambiente, numa nova arquitetura ecológica.
O PE quer uma fatia de 30% para os "eco-regimes" enquanto o Conselho propõe 23% em 2023 e 2024 e 25% a partir de 2025.
A nova PAC prevê ainda que as ajudas aos agricultores sejam atribuídas no âmbito de um novo modelo de aplicação, que privilegia o desempenho em vez do cumprimento, e segundo o qual os Estados-membros deverão comunicar anualmente à Comissão Europeia os resultados alcançados, no âmbito do plano estratégico definidos por cada país.
Fonte diplomática adiantou que as negociações são difíceis e complexas, mas que todos os envolvidos estão interessados em que se chegue a um acordo equilibrado entre as partes.
Se não acordo sobre a nova PAC, o Conselho prevê o prolongamento dos trílogos e da reunião dos ministros para quinta e sexta-feira, possibilidade que, segundo fonte do PE, a agenda da Comissão de Agricultura não prevê.
Este ano e no próximo vigora um regime transitório, prevendo-se que a PAC entre em pleno vigor em 01 de janeiro de 2023, depois de os 27 terem os respetivos planos estratégicos aprovados pela Comissão Europeia.
No que respeita às Pescas, o Conselho fará um ponto de situação, na quarta-feira, de sobre asas negociações entre a UE e o Reino Unido, conduzidas pela Comissão Europeia, com vista a fixar quotas para as unidades populacionais de gestão comum.
Na agenda, estão ainda as discussões na Organização Mundial do Comércio sobre subsídios à pesca.
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