O CDS-PP pediu, esta terça-feira, meios "para que a justiça possa funcionar" em casos como o que levou esta terça-feira à detenção do empresário Joe Berardo e do advogado André Luís Gomes, já que "a justiça só é efetiva se for célere".
A deputada Cecília Meireles considerou "uma boa notícia" ver "a justiça a funcionar", mas recusou comentar "os contornos do caso" em concreto.
A propósito da detenção do empresário, a deputada Cecília Meireles lamentou apenas que "só agora" estejamos a ver uma ação por parte da justiça e defendeu que o Parlamento tem de fazer um trabalho profundo.
"Estamos a falar de factos que são muito antigos e que só agora é que estamos a ver uma atuação, digamos assim", referiu. "Para a justiça poder funcionar é preciso que tenha meios e é preciso que tenha meios de investigação."
Para a deputada e antiga líder parlamentar do CDS, "uma das conclusões que se pode extrair" do caso da investigação a Joe Berardo é a necessidade de haver meios e, "do ponto de vista do Parlamento", aquilo que faz sentido é "fazer um trabalho que tem de ser profundo para que a justiça tenha meios para funcionar", defendeu.
"A justiça só é efetiva se for célere e se for em tempo. Não podemos estar anos à espera de ver resultados", afirmou.
O próprio Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) lamentou hoje que a investigação não tivesse a "celeridade desejável", salientado que isso aconteceu "apenas por carência de meios técnicos e outros ajustados à natureza, dimensão e complexidade da investigação".
A deputada do CDS-PP ressalvou ainda que o processo está "em fase de investigação" e que não se sabe "o que vai sair daqui".
"Só quando percebermos se se daqui vai resultar alguma acusação, vai resultar algum julgamento, vai resultar alguma condenação, só depois é que se pode dizer se há resultados ou não" da comissão, assinalou.
O empresário Joe Berardo e o seu advogado André Luís Gomes foram hoje detidos no âmbito de uma operação que visou "um grupo económico" que terá lesado vários bancos.
A Polícia Judiciária anunciou hoje de manhã que fez buscas em Lisboa, Funchal e Sesimbra numa operação que visa "um grupo económico" suspeito de administração danosa, burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento.
Em comunicado, a Polícia Judiciária adiantou que se trata de um grupo "que entre 2006 e 2009 contratou quatro operações de financiamentos com a CGD, no valor de cerca de 439 milhões de euros", e que terá causado "um prejuízo de quase mil milhões de euros" à Caixa, ao Novo Banco e ao BCP.
"Este grupo tem incumprido com os contratos e recorrido aos mecanismos de renegociação e reestruturação de dívida para não a amortizar", acrescenta a polícia no mesmo comunicado.
Na investigação, que começou em 2016, foram identificados "procedimentos internos em processos de concessão, reestruturação, acompanhamento e recuperação de crédito contrários às boas práticas bancárias".
Os investigadores procuram indícios de "atos passíveis de responsabilidade criminal e dissipação de património".
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