Terminada a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (UE), António Costa concluiu que Portugal agiu "com satisfação e orgulho" completando "todas as metas" a que se tinha proposto.
Ainda assim, o primeiro-ministro quis sublinhar algumas das "sementes" que a liderança portuguesa deixou "para o futuro coletivo" da UE.
Em primeiro lugar, António Costa destacou a realização da Conferência sobre o Futuro da Europa, que espera, como disse no arranque da presidência, "que não seja um debate entre Estados", mas sim "um debate centrado nos anseios e aspirações dos europeus".
"É preciso confrontar as diferentes visões que existem hoje no seio da UE. Não vale a pena fingirmos que não há dúvidas sobre o que deve ser a UE. Sim, há dúvidas e alguns gostariam que a UE pudesse voltar a ser algo que já foi e deixou de ser. Muitos quereriam que fosse um mercado interno que gerasse maior valor acrescentado do ponto de vista económico e ponto final. Hoje a UE é muito mais que isso e temos de continuar a debatermo-nos para que seja muto mais do isso", defendeu, em conferência de imprensa esta tarde no CCB, em Lisboa.
Prova disso, destacou o primeiro-ministro, foi a corrida às vacinas contra a Covid-19, que, através de UE, foi realizada de uma forma "solidária", o que permitiu "ultrapassar as dificuldades que os diferentes cabazes de vacinas tinham nos diferentes Estados-membros". "É uma pequena demonstração do que teria sido se não houvesse UE", acrescentou.
Costa reforçou também que se a Europa quer ser "relevante no mundo temos de ter uma UE que se expresse no mundo", incluindo do ponto de vista económico.
"Para isso, a autonomia estratégica da Europa é absolutamente fundamental", argumentou.
Em segundo lugar, referiu o primeiro-ministro, a presidência portuguesa deixa uma outra "semente": O plano de ação para o desenvolvimento do pilar dos direitos sociais. "Para que a transição climática e digital tenham sucesso é fundamental que todos se sintam parte deste processo de transformação e que todos tenham garantia de que ninguém fica para trás", vincou.
Recordando que estas transformações geram "medo" e que o "medo alimenta os populismos", António Costa referiu que é essencial reforçar "a coesão social, as oportunidades de crescimento, a melhoria do rendimento das famílias, a melhoria da produtividade das empresas e a competitividade económica da UE". "É por isso que é tão importante termos este plano de ação, que tem um calendário e metas quantificáveis", colmatou.
Por fim, o primeiro-ministro lembrou ainda que a pandemia está longe de estar resolvida e que temos um futuro desafiante pela frente, que deve continuar a ser marcado pela "solidariedade".
"Temos de olhar para estes desafios do presente com uma confiança sólida relativamente ao futuro", rematou.
Em direto: Balanço da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia https://t.co/zLlpuPlXLA
— República Portuguesa (@govpt) July 5, 2021
A quarta presidência portuguesa da União Europeia terminou em 30 de junho, passando o testemunho à Eslovénia à frente do Conselho da UE nos próximos seis meses.
O semestre português foi encerrado, na quarta-feira, com a Cimeira da Recuperação, organizada pelo Ministério das Finanças e que juntou em Lisboa ministros europeus, comissários, eurodeputados e especialistas para debater a reforma da economia europeia após a pandemia de Covid-19 e o modelo de governação económica da UE.
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