No início da segunda ronda de perguntas a António Costa, no debate sobre o estado da nação, no parlamento, João Oliveira considerou que "estão por resolver os problemas dos trabalhadores da administração pública".
"Trabalhadores que asseguraram em circunstâncias muito difíceis os direitos dos cidadãos ao longo do último ano e meio. É preciso passar das palavras à prática. Quando se concretizará a valorização dos salários e das carreiras dos trabalhadores da administração pública?", perguntou.
Neste ponto, o primeiro-ministro defendeu que, para a administração pública, "é necessário que exista uma estratégia".
"Ouvi o que falou [João Oliveira], mas há uma categoria da administração pública que ninguém fala e que não podemos continuar a esquecer: Os técnicos superiores. Se queremos rejuvenescer a administração pública e atrair os jovens recém-licenciados, se queremos que essa contratação sirva de exemplo para a contratação do setor privado de jovens recém-licenciados, então temos mesmo de olhar para as carreiras gerais, em particular para os técnicos superiores", sustentou.
O líder parlamentar do PCP questionou ainda o primeiro-ministro sobre o pagamento dos subsídios de risco aos profissionais das forças de segurança.
O primeiro-ministro, na sua resposta, considerou "necessário responder à questão das forças de segurança", assinalando que decorrem neste momento negociações.
"Estamos em negociação com as forças sindicais, mas não é uma negociação fácil. Mesmo a proposta rejeitada pelos sindicatos representaria 48 milhões de euros de acréscimo de despesa. Esperamos chegar a bom porto", disse.
Antes, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, lamentou que só agora o Governo se proponha cumprir uma matéria negociada com os bloquistas em 2019 relativa à contratação de profissionais de saúde.
O mesmo adiamento no cumprimento de medidas negociadas estendeu aos investimentos na saúde mental e ao nível dos apoios sociais para se fazer face às consequências da pandemia da covid-19.
Na sequência da breve intervenção do líder parlamentar do Bloco de Esquerda, em que acusou o executivo de "andar sempre a correr atrás do prejuízo", António Costa advertiu que o debate não pode andar sempre à volta do mesmo como "num disco riscado".
"O número de profissionais de saúde tem vindo a aumentar todos os anos, como tem sido estabelecido. A medida extraordinária criada por este Governo -- e que o Bloco de Esquerda disse que nunca resolveria nada -, a verdade é que não só respondeu às 250 mil pessoas que o BE disse ser necessário responder, como respondeu ainda a mais", contrapôs.
António Costa rejeitou ainda que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) se destine a pagar despesa corrente do Estado na área da saúde mental.
Nesta segunda ronda de perguntas, fizeram breves perguntas ao primeiro-ministro três deputados do PS: O líder da JS, Miguel Costa Matos, a ex-líder da "jota", Maria Begonha, e Tiago Estevão Martins.
Miguel Costa Matos defendeu que aumentaram os apoios para os jovens em áreas como a educação ou a saúde mental, e elogiou a prioridade dada pelo Governo às políticas do ambiente e de impulso ao acesso à habitação.
"Mas a melhor garantia para os jovens é a convergência com a União Europeia. É um caminho longo e duro", considerou.
Tiago Estêvão Martins destacou os investimentos previstos no âmbito do Plano de Recuperação de Aprendizagens nos dois próximos aos letivos, após as consequências nefastas da pandemia da covid-19 nas escolas.
Maria Begonha, deputada eleita por Braga, afirmou que este Governo está a realizar "o maior investimento de que há memória" no setor da habitação.
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