"Parece-me que alguma coisa tem de acontecer no CDS"
Assunção Cristas foi a entrevistada desta quarta-feira na 'Grande Entrevista', conduzida por Vítor Gonçalves, na RTP3. Além da atual situação do CDS, a ex-líder centrista considerou que o eurodeputado Nuno Melo tem "todas as condições" para liderar o partido, assim como Cecília Meireles ou em Adolfo Mesquita Nunes. O importante, vincou, é que "alguma coisa" aconteça para o centro-direita voltar a ter "algum eco".
© Blas Manuel
Política Assunção Cristas
A ex-líder do CDS, que se retirará da política quando terminar o mandato de vereadora em Lisboa e que planeia depois manter-se "bastante discreta e silenciosa", admitiu, esta quarta-feira, no programa 'Grande Entrevista', da RTP3, que lhe custa ver o CDS a ser falado por razões "pouco simpáticas".
"Entristece-me ver o CDS nas notícias sempre por más razões e a não ser ouvido nas suas propostas, nas suas alternativas e naquilo que tem para dizer ao país", disse, reconhecendo que o partido necessita de uma mudança.
Ressalvando que as sondagens "valem o que valem", "visto por fora, parece-me que alguma coisa tem de acontecer para este espaço político do centro-direita moderada, social, democrática, humanista, personalista poder ter aqui algum eco", vincou, recordando que, nas eleições Legislativas, assumiu a responsabilidade política de um dos piores resultados alguma vez obtidos pelo partido.
"Saí de cena para permitir ao partido ter outra solução regeneradora que recuperasse o partido e fizesse reganhar o espaço", lembrou.
"Fazia todo o sentido que o CDS encabeçasse uma coligação com o PSD"
Sobre o mandato que agora finaliza, como vereadora da Câmara Municipal de Lisboa, a jurista salientou que cumpriu o que prometeu "aos lisboetas há quatro anos, que era ficar até ao final na capital" e que termina com a sensação de "dever cumprido".
Confrontada sobre um eventual convite do CDS para ser candidata à autarquia, Assunção Cristas preferiu "não reabrir esse assunto". Contudo, sublinhou que "faria todo o sentido que o CDS encabeçasse uma coligação com o PSD, mas a direção do partido teve outro entendimento".
"Era preciso que fossem criadas condições para o CDS liderar a coligação e não foram criadas. O que me interessa agora é apoiar o Carlos Moedas e vê-lo na Câmara de Lisboa", afirmou a antiga ministra da Agricultura e do Mar.
"O ciclo da política fechou-se, há um ciclo académico que se abre"
Já sobre o fim da sua carreira política, apesar de admitir que "seria desonesto" dizer que nunca mais voltará a fazer nada em política, garante que, por agora, "é tempo de voltar totalmente à vida profissional que tinha antes".
"Agora é tempo de voltar à minha vida. Este é um ciclo da academia e da minha atividade profissional enquanto jurista (...). Este ciclo da política fechou-se, há um ciclo académico que se abre", vincou, acrescentando que não faz por isso "sentido algum estar a falar de lideranças do CDS neste momento".
Nuno Melo na liderança? Tem "todas as condições"
Questionada sobre a possibilidade de Nuno Melo se candidatar à presidência do CDS, Cristas começou por ressalvar que "seria muito indelicado" fazer "comentários desse tipo, havendo uma direção do CDS eleita".
Ainda assim, assinalou: "Nuno Melo foi meu vice-presidente, tenho uma enorme estima por ele, e tem todas as condições de um dia, em querendo, poder vir a ser líder do CDS". Mas, acrescentou, é ao seu antigo vice-presidente que "compete analisar e avaliar essas circunstâncias", defendendo que "quem fala em Nuno Melo, fala em Cecília Meireles ou em Adolfo Mesquita Nunes".
"Qualquer um deles tem condições para um dia poder vir a assumir essas funções. Agora, o momento, as circunstâncias em que isso pode vir a acontecer, não me cabe a mim comentar", realçou.
"Há muitos casos e casinhos com muitos ministros"
Sobre o atual Governo, Assunção Cristas considerou que este está "muito desgastado neste momento" e que as "pessoas estão desencantadas com a gestão da pandemia", principalmente, nesta segunda fase.
Por essa razão, a antiga deputada concorda que o Executivo deve ser reformulado. "Só uma profunda amizade é que justifica que o ministro da Administração Interna ainda se mantenha em funções", começou por salientar sobre os atuais governantes, lançando críticas ainda aos ministros da Educação, Justiça e da Agricultura.
"Há muitos casos e casinhos com muitos ministros"
Antes de encerrar a análise ao tema, a professora universitária defendeu que o "país está adiado" e que já o estava antes da pandemia.
"Este Governo não tem nenhuma sensibilidade pelo país, só pela Função Pública. Há um país que quer trabalhar e criar riqueza e este Governo não deixa", concluiu.
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