Seixal. Mudança de nomes das ruas foi "ofensa à própria democracia"
O secretário-geral do PCP considerou esta quarta-feira que a alteração da toponímia de cinco ruas no Seixal feita pela concelhia do PSD durante uma ação de campanha "foi uma ofensa à própria democracia" e demonstra "falta de ética".
© Rita Franca/NurPhoto via Getty Images
Política PCP
"Não foi uma ofensa aos comunistas, foi uma ofensa à própria democracia. Naturalmente, o sentido crítico, a ironia, o humor, são perfeitamente compreensíveis. Agora recorrer àquele estilo... Creio que muitos e muitos habitantes do concelho do Seixal sentiram a sua indignação e só perde quem fez isso", sublinhou Jerónimo de Sousa, interpelado à margem de uma visita às instalações dos Bombeiros Voluntários da Moita (distrito de Setúbal).
O dirigente comunista acrescentou que não é possível "arrastar as eleições [autárquicas] para esse nível de falta de ética e posicionamentos bastante criticáveis".
Em causa está a 'alteração' da toponímia das ruas 1.º de Maio (para Rua 25 de Novembro), General Humberto Delgado (para Rua Major-General Jaime Neves), Luís de Camões (para Rua Manuel Maria Barbosa du Bocage), Júlio Dinis (para Rua Pedro Eanes Lobato) e Movimento das Forças Armadas (para Rua em Memória das Vítimas FP25 25 de Abril), feita pelo PSD/Seixal durante uma ação de campanha na noite de domingo para segunda-feira.
Através de uma publicação na rede social Facebook, o deputado socialista José Magalhães criticou a ação e questionou se "uns cacetes terapêuticos não resolveriam o problema".
A publicação de José Magalhães levou a concelhia social-democrata do Seixal, em comunicado, a pedir a demissão do parlamentar, acrescentando que o cabeça de lista do concelho iria pedir "proteção policial" e apresentaria uma queixa-crime, por considerar que estão em causa "ameaças".
O PSD também denunciou um outro comentário, que a agência Lusa não conseguiu localizar, do vereador comunista da Câmara Municipal de Odivelas (distrito de Lisboa) Rui Francisco, que é cabeça de lista à assembleia municipal, em que terá referido que era preciso "ir atrás destes pulhas e dar-lhes no focinho", e que "a solução é mesmo partir-lhes a tromba", pelo que também será alvo de uma queixa-crime.
A Comissão Política Nacional do PSD repudiou esta quarta-feira "veementemente as declarações públicas que o deputado socialista, José Magalhães, proferiu em relação ao PSD/Seixal e, nomeadamente, ao candidato social-democrata no âmbito da campanha para as eleições autárquicas".
Em comunicado e mostrando-se "solidário com o PSD/Seixal" e "lamentando" as declarações de José Magalhães, "que em nada prestigiam o espírito democrático existente em Portugal", o PSD defendeu que o deputado do PS "recorreu a uma linguagem ofensiva e pouco própria de um combate democrático, chegando a sugerir agressões físicas ao candidato do PSD à Câmara Municipal do Seixal, Bruno Vasconcelos".
"José Magalhães optou por um estilo que o PS tem vindo a seguir, expressando arrogância e comportando-se como se fossem os 'donos disto tudo'", frisa o partido.
O PSD/Seixal tinha explicado que a ação, que ocorreu durante a noite de domingo para segunda-feira, tinha consistido na "mudança do nome de cinco ruas que têm o nome repetido" no município, "tapando as antigas e colocando novas placas toponímicas", com uma folha com a nova inscrição.
"A mudança de nomes das ruas foi motivada por causa grandes constrangimentos à nossa população e gera conflitos na receção de encomendas, cartas e até em caso de emergência. Relembramos que o critério foi a seleção de ruas onde já exista outra igual na mesma freguesia", lia-se no comunicado.
A Câmara do Seixal, liderada pelo comunista Joaquim Santos, tem cinco elementos da CDU, quatro vereadores do PS, um do PSD e outro do BE.
Interpelado também sobre em que ponto estão as negociações com o Governo sobre o Orçamento do Estado para 2022, o secretário-geral do PCP respondeu que o executivo socialista "teve pressa em marcar as eleições autárquicas", por isso, todas as "forças estão direcionadas para essa batalha eleitoral".
"Passadas as eleições, com certeza que teremos conhecimento e informações por parte do Governo que agora não temos", completou.
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