Em declarações aos jornalistas à chegada ao Mosteiro dos Jerónimos, onde decorre a sessão evocativa do antigo Presidente da República, que morreu na sexta-feira aos 81 anos, Rui Rio disse que guarda lembranças de Jorge Sampaio "no patamar pessoal" mas também no patamar político.
"No patamar político guardo aquilo que todos os portugueses guardam, um homem sério, um homem com grande sentido de Estado, um homem bom, um homem justo", salientou.
Já do ponto de vista pessoal, recuou à altura em que era presidente da Câmara Municipal do Porto e Sampaio Presidente da República.
"Teve atos de solidariedade comigo diversas vezes, articulámos muita coisa diversas vezes, designadamente, como toda a gente se recorda, daquela polémica em torno do Euro2004, ele teve uma intervenção importante e apaziguadora", salientou.
Em 2002, na sequência da polémica em torno da realização em Portugal do Euro2004, Jorge Sampaio promoveu um conjunto de reuniões com todos os intervenientes diretos.
Em resposta às questões dos jornalistas, o líder do PSD considerou também que Jorge Sampaio "representa justamente os princípios éticos na política".
"Não é só o doutor Jorge Sampaio, não estamos tão mal como isso, como é evidente, mas o doutor Jorge Sampaio seguramente foi um símbolo", defendeu.
Questionado também sobre a razão pela qual não marcou presença no velório do antigo chefe de Estado, que decorreu no sábado no antigo picadeiro real, Rui Rio justificou com a distância.
"Há uma diferença entre as pessoas que vivem em Lisboa e estão aqui, é fácil dar um salto aos Jerónimos, e aquelas que não vivem, como eu que estou no Porto, e têm de se deslocar aqui de propósito. Foi isso que eu fiz e venho ao funeral, que é o momento mais relevante", explicou.
Sobre as palavras deixadas pelos antigos primeiros-ministros Pedro Passos Coelho e Pedro Santana Lopes quando estiveram no velório, o presidente do PSD disse que não ouviu as do seu antecessor mas que acompanhou as de Santana "na televisão".
"E teve uma grande dignidade, porque sabemos que houve ali um confronto sério no momento em que o Presidente da República Jorge Sampaio demitiu o doutor Santana Lopes, aliás não demitiu, dissolveu a Assembleia da República e fez cair o Governo", salientou.
Para Rio, "a forma como ontem o doutor Santana Lopes falou naturalmente releva uma grande elevação".
Jorge Sampaio, antigo secretário-geral do PS (1989/1992) e Presidente da República (1996/2006), morreu na sexta-feira, aos 81 anos, no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, Oeiras, onde estava internado desde 27 de agosto, na sequência de dificuldades respiratórias.
O funeral, com honras de Estado, realiza-se hoje, antecedido por uma homenagem nacional no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
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