"O senhor primeiro-ministro tem três semanas a partir de agora para anunciar o local e a construção da nova maternidade", disse à agência Lusa José Manuel Silva, que encabeçou a coligação (PSD/CDS-PP/Nós, Cidadãos!/PPM/Aliança/Rir/Volt) que conquistou a Câmara de Coimbra, com maioria absoluta, impedindo a reeleição de Manuel Machado (PS) para um terceiro mandato.
O futuro da nova maternidade do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) foi tema de campanha, quando António Costa, discursando em Coimbra num evento da candidatura de Manuel Machado, afirmou que a partir de 27 de setembro [dia seguinte às eleições] não se poderia levar "mais do que três semanas a resolver o problema".
Em entrevista à agência Lusa, José Manuel Silva frisou que se dá bem "com todas as pessoas de trabalho e de palavra", esperando que o primeiro-ministro "cumpra a sua palavra e desbloqueie a construção da nova maternidade no espaço de três semanas".
"Se o primeiro-ministro não cumprir a sua palavra, irá enfrentar a pessoa mais persistente e resiliente que alguma vez encontrou na vida até tomar a decisão. Eu sou assertivo, persistente e resiliente e não tolero pessoas que não cumpram a sua palavra", asseverou.
Relativamente à intervenção em Coimbra-B, José Manuel Silva contesta a ideia de se requalificar a estação na sua localização atual, porque isso seria "afastar definitivamente Coimbra da alta velocidade".
"Não podemos aceitar que Lisboa afaste Coimbra da alta velocidade, quando já havia projetos aprovados para que a alta velocidade passasse por Coimbra, deslocalizando Coimbra-B 600 metros para norte", disse, defendendo a ideia, tal como o fez em campanha, de recuperar o projeto do arquiteto catalão Joan Busquets para aquele local, que daria uma nova centralidade àquela zona, tal como aconteceu em Lisboa com "a Estação do Oriente".
Questionado sobre um aeroporto na região Centro, o presidente eleito da Câmara de Coimbra frisou que a alta velocidade é muito mais premente, considerando que se esta passar pela cidade "a questão do aeroporto passa para segundo plano".
"Se nós tivermos acesso à alta velocidade, passamos a ter dois aeroportos acessíveis a menos de uma hora e nós sabemos, por questões ambientais, que os voos de curta duração até mil quilómetros deverão ser proibidos e o transporte vai ser ferroviário", notou.
No entanto, caso seja discutido o aeroporto, José Manuel Silva salientou que esse debate terá de ser sério e de passar "obrigatoriamente por um entendimento entre a Comunidade Intermunicipal de Coimbra e a de Leiria".
Sobre o IP3, via que liga Coimbra a Viseu, José Manuel Silva também promete bater-se por uma autoestrada que conecte as duas cidades, criticando a atual intervenção, que mantém "todos os gargalos" daquela estrada, aumentando "o risco de acidentes".
"Queriam construir três autoestradas paralelas entre Porto e Lisboa e não construir uma autoestrada que ligue Coimbra à Europa, a Viseu e à A25? Paciência. Agora, assumam os erros de decisão, mas têm de os corrigir seja com que dinheiro for", vincou.
José Manuel Silva também prometeu lutar pela retirada do Estabelecimento Prisional de Coimbra do centro da cidade.
"Que nenhum Governo se atreva a começar a tirar a penitenciária do centro de Lisboa e não faça exatamente o mesmo com a penitenciária de Coimbra", vincou, sugerindo como possível uso futuro aquele edifício albergar o Tribunal Constitucional e o Supremo Tribunal Administrativo.
"É um edifício classificado, de interesse arquitetónico. Poderia ser um magnífico espaço de justiça", disse, frisando que há vários edifícios abandonados em Coimbra que poderiam albergar esses tribunais superiores, caso a proposta de deslocalização avance.
Em declarações à Lusa, José Manuel Silva disse que durante os próximos quatro anos será um presidente que não se ficará "pelos muros da Praça 8 de Maio" (local onde está o edifício dos Paços do Concelho).
"Vamos ser muito interventivos nas questões nacionais, não para fazer política partidária, mas equilibrada e em defesa da cidade de Coimbra", concluiu.
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