"Se não houver abertura [do Governo] estamos mais próximos de um voto contra do que de uma abstenção, porque não podemos viabilizar um Orçamento que não dá as respostas que achamos que são fundamentais para a retoma socioeconómica do país", disse Inês Sousa Real, no final de uma audiência com o Presidente da República sobre a votação na generalidade do OE2022, no Palácio de Belém, em Lisboa.
A dirigente do Pessoas-Animais-Natureza reconheceu que houve alguma aproximação entre as reivindicações do partido e o Governo, nomeadamente, através da proibição de assistência a touradas por menores de 16 anos ou da revisão dos escalões do IRS, mas considerou que ainda é insuficiente para viabilizar o Orçamento do Estado para o próximo ano.
"Não quer dizer que esse não seja um sinal de cumprimento. Era uma fatura que estava por pagar, na verdade, e o Governo está a dar um sinal de que palavra dada é palavra honrada. Caso venha a comprometer-se com os partidos no sentido de ir mais longe na especialidade, é um sinal de que há cumprimento", sustentou.
Questionada sobre o cenário de crise política que está em cima da mesa, a porta-voz do PAN imputou responsabilidade totais ao executivo socialista.
"Neste momento a responsabilidade de uma eventual crise política está totalmente do lado do Governo. O PAN tem feito a sua parte, tem trabalhado para apresentar soluções para este Orçamento e para o país, e, portanto, aguardamos para saber qual será a abertura do Governo para se aproximar da posição do PAN", elaborou.
O Governo tem de "decidir se quer ou criar esta crise política" ou se está "de costas voltadas para aquilo que são as justas reivindicações" dos parceiros, como é o caso do PAN, acrescentou Inês Sousa Real.
A porta-voz do partido esteve acompanhada pela líder parlamentar do PAN, Bebiana Cunha, e pelos membros da Comissão Política Permanente Nelson Silva (também deputado) e Tânia Mesquita.
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