O Presidente da República reagiu ao voto contra do PCP ao Orçamento do Estado para 2022, esta segunda-feira. Marcelo Rebelo de Sousa começou por dizer aos jornalistas que acabou de "tomar conhecimento" e que vai "refletir".
"Até ao momento da votação é sempre possível, penso eu, continuar a falar, continuar a construir o que é desejável e esperável. Essa é a minha expetativa e o meu desejo", continuou Marcelo Rebelo de Sousa, que falava à saída do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa. "Já sabem que se isso não for possível, há dissolução" do Parlamento, declarou.
Recordando que a votação é na próxima quarta-feira, o chefe de Estado reiterou que vai "ponderar serenamente as informações, perceber qual é o estado de espírito dos diversos protagonistas e ver se é possível, de alguma forma, encontrar o número de deputados para viabilizar o Orçamento".
"A minha posição é muito simples: ou há Orçamento ou não há Orçamento e eu avanço para o processo de dissolução", garantiu novamente.
Questionado sobre se pondera falar com os partidos, Marcelo respondeu que vai "ver o que é que se passa, serenamente, com bom senso". "Ainda há pouco dizia aqui no seminário que as pessoas têm de pensar que há mais vida para além da semana que vem e do curtíssimo prazo. Tentei chamar a atenção dos portugueses e também dos partidos para o facto de estarmos a sair aos poucos de uma pandemia e, neste desconfinamento, de repente as pessoas são chamadas para reações muito imediatistas, de muito curto prazo. É preciso pensar nas consequências", asseverou.
O Presidente referiu ainda que mantém "até ao último segundo" o que disse, que "o mais desejável era que "o Orçamento passasse". Referiu, no entanto que se isso não ocorrer inicia "logo, logo, logo a seguir o processo". Sendo que o processo de dissolução implica, "ouvir o senhor presidente da Assembleia e o senhor primeiro-ministro, ouvir os partidos políticos e convocar o Conselho de Estado", rematou.
O PCP comunicou hoje que vai votar contra Orçamento do Estado para 2022 já na votação na generalidade, que está marcada para quarta-feira, confirmando uma intenção anunciada logo no dia seguinte à entrega da proposta do Governo.
Com os votos contra dos 10 deputados do PCP, somados aos dos 19 do BE e aos 86 dos partidos à direita (79 do PSD, 5 do CDS-PP, 1 do Chega e 1 da Iniciativa Liberal), o Orçamento do Estado para 2022 será chumbado na generalidade, com um total de 115 votos contra.
[Notícia atualizada às 13h11]
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