"É evidente que tinha de dar mau resultado", acusou Rui Rio, no encerramento do debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2022, que deverá ser chumbado.
O presidente do PSD considerou que o voto contra do partido se justifica "nas críticas que o PSD, desde sempre, tem feito à política económica e orçamental dos Governos de António Costa desde 2016".
"Acantonado à sua esquerda e agarrado ao poder, cedendo o que pode e o que não pode, o governo foi recusando todas as propostas, vindas de diversos quadrantes políticos, económicos e sociais, que permitiam melhorar a competitividade da economia e aumentar o nosso crescimento potencial de médio e longo prazo", lamentou Rio.
Para o social-democrata, o PS, ao colocar-se "na total dependência da esquerda radical, transformou-se na face do imobilismo e do estatismo, que têm condenado o país à estagnação e ao empobrecimento".
"O governo está desde o início da pandemia à espera do 'milagre Europeu'. Sem qualquer preocupação em governar com respostas estruturais. Á espera que o PRR resolva todos os problemas do país. Á espera que um disparo de bazuca traga o milagre da recuperação e do crescimento económico", criticou, avisando que "a oportunidade vai-se perder" se política não se inverter.
No entanto, acrescentou, desde 2015 apostou "numa política económica errática, num óbvio desequilíbrio entre a compra dos votos do PCP e do Bloco de Esquerda e a manutenção dos nossos compromissos europeus".
No seu discurso, Rio antecipou a provável reprovação do Orçamento no final da sessão de encerramento do debate, considerando que tal acontecerá porque o Governo "nunca foi capaz de formar uma maioria parlamentar estável".
"Entregou-se totalmente nas mãos do PCP e do BE, ficando à mercê das suas exigências e da pesca à linha de deputados independentes ou de partidos de muito escassa representatividade", criticou.
Rui Rio reiterou o diagnóstico negativo que tem feito da evolução da economia portuguesa, apontando um crescimento inferior à da maioria dos Estados-membros da União Europeia, sobretudo dos concorrentes de Leste.
"Tudo isto resulta, também, desde logo, da incapacidade do governo em encetar as reformas estruturais que o país precisa e que o PSD tanto tem reclamado", defendeu.
Para Rui Rio, a crise pandémica de 2020 demonstrou que o PSD tinha razão ao dizer que a consolidação orçamental dos anos anteriores era um "castelo de areia" e "não tinha sustentabilidade estrutural".
O líder do PSD, que durante a pandemia teve uma atitude de assumida colaboração com o executivo, criticou a "resposta limitada e insuficiente" à crise da covid-19 e, ainda assim, ter deixado que se evoluísse "para um perigoso descontrolo da despesa pública".
No discurso, Rio apontou como exemplo uma das medidas que o Governo apontava como emblemática deste Orçamento, a mexida em dois escalões do IRS, dizendo que valia "apenas 150 milhões de euros".
"Mais ou menos o montante do imposto do selo que o Governo quer perdoar à EDP pela venda das barragens. E sou modesto na comparação, porque se aqui voltasse a chamar o Novo Banco ou a TAP, a pequenez desta verba seria ainda maior face à propaganda que o Governo dela fez", criticou.
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