Nuno Melo vai recorrer para o tribunal do CDS. "Luta pela decência"

O candidato à liderança do CDS-PP Nuno Melo vai pedir a nulidade das deliberações do Conselho Nacional que decorreu sexta-feira para que, assim, sejam realizadas as eleições internas do partido.

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Tomásia Sousa com Lusa
30/10/2021 19:04 ‧ 30/10/2021 por Tomásia Sousa com Lusa

Política

CDS-PP

O candidato à liderança do CDS-PP Nuno Melo anunciou hoje que vai remeter ao Conselho Nacional de Jurisdição do partido uma impugnação para que todas as deliberações ontem tomadas no Conselho Nacional sejam consideradas nulas, classificando aquela reunião como "o último ato da maior indignidade" da história do partido.

De acordo com Nuno Melo, o objetivo é que, "com a urgência possível" sejam realizadas as eleições dos delegados ao Congresso.

"O que tenho pela frente é uma luta pela decência e pela legalidade. Eu não abandono", assegurou, numa conferência de imprensa no Porto para reagir à decisão do Conselho Nacional de adiar o congresso eletivo para a presidência do CDS-PP para depois das eleições legislativas.

O eurodeputado explicou ainda que já pediu uma audiência ao Presidente da República.

"Aguardo resposta e entendo que essa conversa tem que ser tida porque em causa está o destino de um partido fundador da democracia em Portugal, muito relevante e o presidente da República, que é o garante das instituições democráticas, sabe que nessas instituições democráticas, nomeadamente da Assembleia da República, estão representantes deste partido", anunciou.

O candidato à liderança do CDS apontou o dedo ao adversário nas diretas e atual presidente do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, a quem acusou de "fugir à democracia", de ter "medo do voto dos militantes" e recorrer "ao que seja para se manter no poder".

"Nós assistimos ontem ao último ato da maior indignidade cometida em 47 anos na história do CDS. Um golpe porque um líder que tem medo do voto dos militantes recorre ao que seja para se manter no poder", disse. "Se [Francisco Rodrigues do Santos] fosse um ser que tivesse um resquício de espírito democrático aceitava ir a votos."

De acordo com o adversário de Francisco Rodrigues dos Santos na corrida à liderança do partido, também o presidente do Conselho Nacional do CDS "conduziu os trabalhos de forma parcial", estando "concertado com uma direção que quis fugir de um congresso que sabia que provavelmente perderia".

Para Nuno Melo, "desde o primeiro dia que o jogo está viciado".

"Negaram-nos cadernos eleitorais, proibiram-nos de ter fiscais em mesas de voto, fizeram centenas de transferências de militantes em cima do momento eleitoral, construirão concelhias assentes em pessoas que não eram desses concelhos, para nisso forjar uma ou outra inerência, aceitaram lista de delegados entregues fora do prazo, mudaram nomes em listas entregues, substituíram senadores incontornáveis na vida do CDS", enumerou.

Nunca esteve em causa verdadeiramente essa conversa do interesse nacional que o presidente do partido apregoa como justificativa do cancelamento ou do adiamento do congresso que não quer disputar", apontou.

"O líder do CDS prefere fugir à democracia para poder representar o CDS em fevereiro, já depois de ter perdido o próprio mandato" (o mandato de Francisco Rodrigues dos Santos acaba a 25 de janeiro), apontou, considerando que "isso não é normal".

Nuno Melo acusou ainda Francisco Rodrigues dos Santos de querer fazer do CDS "uma espécie do PEV da direita, aceitando uma esmola de quatro ou cinco deputados, um dos quais, obviamente, o atual presidente do partido que concretizará talvez o seu sonho de vida, mesmo quando a direção do PSD confessa que a coligação com o CDS será uma coligação feita por caridade".

Para o eurodeputado "nunca o CDS bateu tão fundo", garantindo que mesmo assim não irá deixar de ser militante do partido: "Eu não saio, se estão à espera que eu me demita estão muito enganados", afirmou.

Na sexta-feira, o Conselho Nacional de Jurisdição deu razão ao candidato à liderança do CDS, considerando "nula e sem qualquer efeito a convocatória do Conselho Nacional", segundo um documento a que a Lusa teve acesso, uma vez que a convocatória para a reunião não teria sido feita segundo as normas do partido.

Ainda assim o Conselho Nacional reuniu e o seu presidente, Filipe Anacoreta Correia, admitiu a realização de uma nova reunião do órgão máximo do partido entre congressos para ratificar as decisões tomadas nesta reunião e afastar dúvidas quanto à legalidade.

Hoje, vários militantes do CDS anunciaram a sua saída do partido, nomeadamente o ex-secretário de Estado Adolfo Mesquita Nunes, que considera que "o CDS das liberdades deixou de existir", tendo sido seguido por alguns outros militantes.

Nuno Melo garantiu que se for eleito, "no dia a seguir" irá "pedir pessoalmente a esses militantes para voltarem para o partido".

[Notícia atualizada às 20h47]

Leia Também: Nuno Melo diz que "legalidade" do CDS "está em causa" e apela a Marcelo

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