"Muito sereno e tranquilo", Rangel aceitará "qualquer decisão" de Marcelo

Candidato à liderança do PSD reuniu-se esta quarta-feira com militantes no distrito de Évora.

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Melissa Lopes com Lusa
03/11/2021 16:40 ‧ 03/11/2021 por Melissa Lopes com Lusa

Política

PSD

Paulo Rangel, candidato a líder do PSD, diz estar "muito sereno e muito tranquilo" quanto à data que Marcelo Rebelo de Sousa escolherá para marcar as eleições antecipadas. "Aceitarei qualquer decisão do Presidente da República", transmitiu esta quarta-feira aos jornalistas, quando questionado, no distrito de Évora, à margem de um encontro com militantes do partido. 

"Da  minha parte, ninguém ouviu nem ouvirá nunca dizer uma declaração que ponha em causa a instituição da República. Isso parece uma coisa inaudita, diria invulgar. Não me recordo de haver lideranças políticas ou pessoas próximas de lideranças políticas que façam um ataque quase pessoal ao Presidente da República, ou tentativa de condicionamento", afirmou Rangel, numa alusão às críticas Rui Rio, mas sem referir o nome do presidente do partido. "Estou totalmente sereno. Conhecem a minha posição. Exprimi-a em devido tempo e não a repeti mais", frisou.

"A marcação de eleições, e a própria decisão da dissolução, é exclusiva competência do Presidente da República. O que ele fizer é para nós respeitarmos e aceitarmos", reforçou o social-democrata, condenando as "tentativas de condicionamento". "Tentativas de condicionamento anterior, ainda por cima feitas em modos inéditos (...) mesmo em situações de grande tensão política, acho que são censuráveis. Da minha parte só ouvirão respeito integral pelo PR e plena confiança que o seu critério é o do interesse nacional acima de qualquer outro", declarou.

"Seja a solução que acho melhor seja a que acho menos boa, a decisão que o PR tomar, respeitarei, e cá estarei como candidato para trabalhar com ela", disse ainda Rangel que, embora tranquilo e sereno, está "expectante" perante uma decisão "importante" que o chefe de Estado tomará. 

De recordar que Paulo Rangel sugeriu que as eleições legislativas se realizassem no dia 20 ou no dia 27 de fevereiro. Já Rui Rio defende que o sufrágio se deve realizar a 9 ou 16 de janeiro. Em 'jogo' está também o calendário interno, com o atual líder a pedir o adiamento das diretas e Rangel a pedir o oposto, recusando assim "suspender" a democracia interna do partido. 

As diretas no PSD estão marcadas para 4 de dezembro e, no próximo sábado, vai reunir-se o Conselho Nacional do partido, em Aveiro, para analisar a situação política e um pedido de antecipação do Congresso por parte de dirigentes distritais e conselheiros (na maioria apoiantes de Rangel) de janeiro para entre 17 e 19 de dezembro.

Rio tem-se manifestado contra a realização das diretas face à proximidade das legislativas - cuja data ainda não está marcada -, mas ainda não esclareceu se irá avançar com uma nova proposta formal de adiamento, depois de o Conselho Nacional ter rejeitado essa ideia na última reunião em outubro, ainda antes do 'chumbo' do Orçamento do Estado.

Cenário "não é semelhante" ao de 2019

Paulo Rangel considerou ainda que o atual cenário político, próximo de legislativas antecipadas, "não é semelhante" ao de 2019, quando se opôs às eleições internas no partido, pela proximidade das europeias.

"O cenário não é semelhante. Estão a comparar-se coisas incomparáveis. Em 2019, havia uma moção de censura, não havia eleições normais", afirmou o eurodeputado 'laranja', em Vila Viçosa, no distrito de Évora.

Rangel foi questionado pelos jornalistas sobre uma notícia antiga, de 2019, quando era cabeça de lista do partido nas eleições europeias, que foi republicada, na terça-feira, pelo atual presidente do PSD, Rui Rio, na sua conta da rede social Twitter.

"Em 2019, não era possível fazer eleições internas por estarmos a quatro meses das europeias. No Conselho Nacional, não havia problema, porque não ia haver legislativas. Agora, há legislativas dentro de três meses, mas já se pode misturar tudo", escreveu Rio, a acompanhar a notícia.

Hoje, o candidato à liderança do PSD Paulo Rangel referiu que "quem marcou estas eleições" foi o presidente do partido, Rui Rio, sublinhando que estas explicações "facilmente mostrariam como se está a comparar o incomparável".

"Quem marcou eleições, é quem abriu o processo. Não foi ninguém de fora. Foi o presidente do partido, aliás, é o normal, porque, de dois em dois anos, tem que haver eleições. Não vamos suspender a democracia no PSD", assinalou.

Leia Também: "Agora já se pode misturar tudo". Rui Rio acusa Rangel de incoerência

 

 

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