O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse hoje aos jornalistas que não estava informado sobre as investigações quanto ao eventual envolvimento de militares portugueses no tráfico de diamantes durante missões na República Centro-Africana (RCA), adiantando que é necessário “confirmar se são casos isolados”.
Marcelo reforça que “as forças armadas fizeram o que deveriam ter feito, as instituições de investigação policial estão a fazer o que deve ser feito” e que isso mesmo pôde “verificar em contacto com o ministro da Defesa Nacional, confirmando o que diz o ministro dos Negócios Estrangeiros”.
“Porque o âmbito era mais vasto, a Polícia Judiciária passou a intervir e a ter um papel fundamental nas investigações ao longo de 2020 e 2021”, continuou o Presidente, sublinhando que “a ideia é levar as investigações o mais longe possível para apurar o que se passa, e confirmar se são ou não atos isolados como à primeira vista há quem entenda que sejam – portanto, não afetam em termos de prestígio das nossas forças armadas”.
Em 2019, o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) recebeu uma denúncia sobre o eventual envolvimento de militares portugueses no tráfico de diamantes em missões na RCA, iniciando uma investigação ao caso, disse o organismo, em comunicado.
Em causa está um esquema em que os suspeitos usavam missões portuguesas, ao abrigo da ONU, para tráfico de diamantes, de ouro e droga para a Europa, com recurso a aviões militares sem fiscalização de carga. Os diamantes e ouro chegavam a Antuérpia e Bruxelas, traduzindo-se em benefícios financeiros para os envolvidos. Há suspeitas ainda de branqueamento de capitais através de criptomoedas e associação criminosa.
Entretanto, a TVI avançou que já foram detidos pelo menos 10 suspeitos, que serão conduzidos à cadeia anexa à sede da PJ em Lisboa, devendo ser presentes a tribunal nas próximas 48h.
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