Vacinar crianças? "Ocultação [do parecer] criou alguma perturbação"
Francisco Louçã afirma que o atraso na publicação do parecer técnico da vacinação causou "ruído" no essencial e afirma, no espaço de comentário semanal na SIC Notícias, que a vacinação em crianças poderá ser tão favorável quanto a que se verificou nos adultos.
© Global Imagens
Política Francisco Louçã
O antigo coordenador do Bloco de Esquerda Francisco Louçã usou, esta sexta-feira, o seu espaço de comentário na SIC Notícias para abordar o tema em destaque na atualidade: a vacinação em crianças. Para o comentador, a decisão de vacinar o grupo etário entre os 5 e os 11 anos contra a Covid-19 é dúbia.
Se por um lado, em Portugal não há registo de vítimas mortais da Covid-19 menores que "não tivessem problemas graves", por outro, o argumento usado para a vacinação, "parece ser duplo".
Por um lado, "a tranquilidade social, a perceção que há mais cobertura", mas, por outro, "uma medida para a qual temos algumas indicações mas não certezas", relativamente à capacidade de redução da transmissão do vírus a outras pessoa.
"Quando olhamos para o efeito que todo este processo já teve é conclusivo que a vacinação foi importante", afirma Louçã admitindo que este processo possa ser, por isso, igualmente favorável.
Sobre a gestão política de todo o processo, o fundador do Bloco de Esquerda afirma que "foi muito complicada" e que "não havia nenhuma razão para a DGS manter o relatório [parecer técnico sobre a vacinação em crianças] na carteira" uma vez que, em Portugal, "só uma pequena margem se opõe às vacinas", ao contrário do que acontece na Europa.
"Esta ocultação [do parecer técnico] criou alguma perturbação e ela foi aumentando por cada hora que atrasou esta decisão", indica Louçã concluindo que toda a polémica em torno desta questão fez com que existisse "ruído".
"Bloco central é o fantasma das eleições"
Sobre as listas dos deputados às próximas legislativas, marcadas para dia 30 de janeiro, Louçã considera que cada partido "faz o seu caminho" e que Rui Rio "aproveitou a surpreendente vitória" para afastar aqueles que estiveram contra ele.
"Porque é que Rui Rio se quer reforçar desta forma? Porque ganhou. Em segundo lugar, porque quer gerir o pós-eleitoral em que apoiará as políticas que António Costa lhe venha a propor", afirma o economista.
Louçã sublinha ainda que "parece ser tão interessante para o PS [ter um acordo com os sociais-democratas], que quer o apoio do PSD para dispensar o acordo com a esquerda, como parece ser tão interessante para o PSD ter este acordo".
"A novidade deste debate do 'bloco central' é que isto nunca foi debate em Portugal nos últimos 6 anos"
A ideia de um bloco central "com a geringonça era impossível". Francisco Louçã sublinha ainda: "o bloco central é o fantasma das eleições".
Relatório da OCDE evidencia as desigualdades económicas
Francisco Louçã abordou também o relatório divulgado esta sexta-feira pela OCDE, que diz que Portugal "é o país da OCDE que mais vai crescer", e afirma que o documento evidencia as desigualdades económicas no mundo. "Os 10% mais ricos têm metade dos rendimentos no mundo", indica, afirmando que estes 10% têm na sua posse 76% do património mundial e os mais pobres 2%.
Relativamente a emissões, sublinha o comentador que "os mais ricos fazem 48% das emissões e os mais pobres 12%". Aponta ainda as desigualdades de rendimento entre homens e mulheres e conclui: "Como se pode viver num mundo que marca as diferenças e as agrava?".
Rússia poderia invadir a Ucrânia? "Parece-me pouco plausível"
A escalada militar na fronteira da Ucrânia tem sido evidente nas últimas semanas e, com isso, muitas têm sido as vozes a levantar-se para alertar a Rússia de que haverá consequências em caso de invasão da Ucrânia. Nos últimos dias, EUA, França e até a Alemanha avisaram a Rússia de que não aceitarão uma possível invasão e, com isso, Biden ameaçou inclusive com "sanções nunca antes vistas".
Francisco Louçã, por seu lado, afirma que é "pouco plausível essa possibilidade". "A Rússia é uma economia média na Europa", começa por explicar o comentador e economista. "Naturalmente, a Rússia reage à possibilidade da Ucrânia vir a participar na NATO", afirma, considerando que a participação da Ucrânia na NATO é um dos medos da Rússia e o que a poderá levar a agir.
Louçã critica ainda a posição dos EUA que ameaçaram a Rússia, esta quinta-feira. "Devemos refletir sobre por que é que os EUA querem paralisar a Europa com uma guerra? Porque os EUA não querem que não haja importação de gás que compete com o gasoduto americano", aponta.
"A cimeira para a democracia é uma iniciativa de propaganda que causa algum incómodo", conclui.
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