A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, e André Ventura, líder do Chega, protagonizaram, este domingo, um segundo debate (acalorado) rumo às eleições antecipadas de 2022. O encontro entre os dois começou tímido, mas a troca de acusações rapidamente escalou numa disputa em que a corrupção e a 'dependência de subsídios' foram temas centrais.
No seguimento, esta segunda-feira, o Bloco de Esquerda optou por fazer um 'fact-check' ao que diz ser as "mentiras de Ventura no debate com Catarina Martins".
Numa publicação feita não só no site do partido como também nas redes sociais, o BE explica por pontos porque acusa o adversário de mentir.
"Uma das cartas que André Ventura tirou da manga foi a isenção do IMI para os partidos. Mas o ataque falha o alvo. O Bloco tem proposto o fim da isenção de IMI aos imóveis detidos por partidos políticos. Foi o único a incluir a proposta no seu programa eleitoral em 2015 e nestas eleições volta a incluir essa proposta no programa eleitoral", aponta o Bloco anexando um link do programa eleitoral para as legislativas de 2022.
O ponto seguinte mencionado pelo partido de Catarina Martins é a condenação de André Ventura por "segregação racial", na qual o líder do Chega nega ter sido condenado. "O Supremo Tribunal de Justiça concordou com a decisão do Tribunal Local Cível de Lisboa e manteve a condenação de André Ventura por segregação racial", escreve o partido de esquerda.
O caso, recorde-se, é o referente à família Coxi. No acórdão emitido em setembro, o tribunal da Relação considerou que Ventura e o Chega usaram a fotografia no debate "como arma de segregação social".
Outro ponto 'incendiário' no debate foi a alegada 'dependência' dos subsídios sociais, que André Ventura sempre teve como bandeira. O BE contrapõe as alegações de que metade do país vive desses rendimentos afirmando: "Os números oficiais desmentem por completo esta ideia. Não só o valor médio do RSI por pessoa é muito baixo, de 119€, como chega apenas a 10% daqueles que vivem abaixo do limiar da pobreza. Para além disso, um terço dos seus beneficiários são menores de idade e 52% são mulheres, muitas delas cuidadoras de pessoas com deficiência, doentes crónicos e idosos acamados".
Sobre a corrupção, o Bloco também acusa o Chega de falhar, afirmando que este nada fez para a combater. "Ventura tentou também desviar as atenções do facto de não ter estado presente quando o Parlamento votava um pacote anticorrupção e pela criminalização do enriquecimento injustificado dos titulares de cargos políticos. Nessa altura, optou 'por andar a passear em Bruxelas com outros políticos de extrema direita'", escreve o Bloco.
Por fim, o partido conclui que "à demagogia e às mentiras da extrema-direita", o Bloco responde "com factos".
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