Livre admite 'eco-geringonça', PAN recusa fazer futurologia
O fundador do Livre, Rui Tavares, admitiu, no domingo à noite, chamar Bloco de Esquerda e PCP para a 'eco-geringonça', enquanto a líder do PAN, Inês de Sousa Real, escusou-se a fazer futurologia sobre um possível entendimento.
© Nuno Pinto Fernandes/Global Imagens
Política Legislativas
Num debate cordial, na SIC Notícias, moderado pela jornalista Rosa Oliveira Pinto, o dirigente do Livre Rui Tavares afirmou que a 'eco-geringonça' é "qualquer entendimento e convergência que responda ao tempo presente".
"Na geringonça original, em 2015 e em 2019, foi importante virar a página da austeridade e reverter as medidas da 'troika'", considerou, vincando que agora é necessário "virar a página, também de muitas décadas, de descaminho em termos ambientais do país e do mundo".
Rui Tavares, que propôs, em entrevista à agência Lusa, a criação da 'eco-geringonça', com Livre, PAN e PEV, admitiu chamar para o entendimento o BE e PCP, recordando que já lançou o repto no debate televisivo com a líder do Bloco, Catarina Martins.
"Esse acordo alargado terá que ser plural. Quanto mais alargado e mais amplo, mais garantias dá de uma base de apoio político e social a uma política que precisamos", sublinhou o cabeça de lista do Livre por Lisboa nas eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro.
Já a porta-voz do PAN (Pessoas-Animais-Natureza), Inês de Sousa Real, defendeu que "qualquer força política que esteja em condições de viabilizar ou formar Governo terá que ter em consideração a agenda política das diferentes forças" que integrarão uma possível coligação.
"O que terá de ser avaliado, não vamos fazer futurologia, é, se de facto, após o dia 30 janeiro, quais é que serão essas condições", realçou, notando, desde logo, "uma diferença" de opinião em relação ao Livre.
"O ambiente e a proteção do ambiente não devem estar espartilhados na dicotomia direita e esquerda", pois "as preocupações ambientais são de tal forma relevantes que não podem ser uma preocupação acantonada numa determinada força política", disse.
Questionada pela moderadora sobre se o PAN está mais próximo do PS ou do PSD, Inês de Sousa Real notou os sociais-democratas têm propostas que ultrapassam as "linhas vermelhas", nomeadamente "liberalizar eucaliptização" e a reverter a área da proteção animal para o Ministério da Agricultura.
Apesar do clima ameno, os dirigentes do Livre e do PAN divergiram quanto à inclusão da homeopatia e de outras terapias não convencionais na Lei de Bases da Saúde.
"Essas terapias têm o seu lugar", mas a sua "integração no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e comparticipação por parte do Estado precisam de ser validadas por painéis de peritos independentes com métodos e critérios aferidos de forma clara e científica", afirmou Rui Tavares.
Já Inês de Sousa Real adiantou que o PAN defende que "na reforma do SNS deve haver uma maior aposta nas terapias preventivas, onde também há lugar para as terapias alternativas", recusando a ideia de o partido ser "negacionista da ciência".
Na área do ambiente, a porta-voz do PAN considerou que "a pecuária é das maiores responsáveis pela emissão de efeitos estufa", frisando que "as esquerdas que acompanham o Livre" têm votado sempre contra a criação de uma taxa ambiental do carbono.
Na resposta, o fundador do Livre referiu que "há um consenso nacional" sobre a necessidade de uma "mudança na produção de carne e nos hábitos de consumo", mas rejeitou a existência de quotas e apontou "a carne laboratorial" como possível solução.
Os dois políticos alinharam o discurso a favor de um projeto-piloto do rendimento básico incondicional.
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