António Costa e Catarina Martins travaram, na noite desta terça-feira, um debate cerrado e que foi centrado na questão sobre quem foi o responsável pela atual crise política provocada pelo chumbo na generalidade do Orçamento do Estado para 2022.
Ao longo de 26 minutos de frente-a-frente, na RTP, estiveram em discussão as políticas de saúde, de trabalho e de Segurança Social, precisamente os temas na origem do desentendimento entre Governo do PS e do Bloco de Esquerda no Orçamento deste ano.
Após o debate televisivo, personalidades socialistas e bloquistas (mas não só) 'passaram' o comentário para as redes sociais, dissertando sobre os temas do frente-a-frente e sobre qual dos líderes 'ganhou'.
A própria Catarina Martins, no Twitter, defendeu mais uma vez os ideais do seu partido: "Como se viu no debate, um acordo para salvar o SNS e para o trabalho será exigente. Não me impressionam as dificuldades, assumo a responsabilidade do Bloco para com o nosso povo", asseverou, acrescentando que "o reforço do Bloco de Esquerda como terceira força é o que permitirá estas mudanças".
Como se viu no debate, um acordo para salvar o SNS e para o trabalho será exigente. Não me impressionam as dificuldades, assumo a responsabilidade do Bloco para com o nosso povo. O reforço do @BlocoDeEsquerda como terceira força é o que permitirá estas mudanças.
— Catarina Martins (@catarina_mart) January 11, 2022
O também bloquista José Soeiro socorreu-se igualmente do Twitter para considerar que "as contas de António Costa sobre pensões não batem certo". E justificou: "No debate utilizou o mesmo valor (480 milhões de euros) para dois universos (180 mil pessoas e um terço desse universo). Sempre fizemos o debate com detalhe técnico. O que está em causa são escolhas justas e exequíveis", salientou.
As contas de António Costa s/ pensões não batem certo. No debate utilizou o mesmo valor (480M€) para 2 universos (180 mil pessoas e 1/3 desse universo). Sempre fizemos o debate com detalhe técnico. O que está em causa são escolhas justas e exequíveis. https://t.co/3YJsVFSTbh
— José Soeiro (@josesoeiroporto) January 11, 2022
Já Joana Mortágua vincou que "são estranhas as referências ideológicas deste Partido Socialista que chama à reversão do saque das nossas grandes empresas estratégicas uma 'bravata ideológica'", dissertando ainda que "uma das grandes vantagens deste debate foi tornar ainda mais clara a intenção de António Costa virar as costas à Esquerda. Mas o futuro só depende dos votos do povo".
Uma das grandes vantagens deste debate foi tornar ainda mais clara a intenção de António Costa virar as costas à esquerda. Mas o futuro só depende dos votos do povo. #catarinabem #Legislativas2022 https://t.co/yGQ5WVuxdi
— Joana Mortágua (@JoanaMortagua) January 11, 2022
Pelo lado do PS, a deputada Isabel Moreira sublinhou que, no frente-a-frente, "Costa desmontou a bravata ideológica do BE que conduziria a uma crise catastrófica do Estado social".
E mais: "Catarina Martins não demonstrou por que razão desistiu de nós no ano passado e agora. Qual foi a razão de fundo, de fundo, de fundo, de fundo, para abrir a possibilidade do regresso da Direita ao poder? O cálculo foi partidário. Não passou por nós. Custa muito".
Edite Estrela foi outra das socialistas a reagir e, no Facebook, recordou que, "em 2020, no momento mais grave da pandemia, o Bloco de Esquerda escolheu deixar de ser parte da solução".
"E, este ano, o OE que previa o aumento das pensões, mais 700 milhões para o SNS, a garantia para a infância e o aumento do abono de família não contou com o apoio do Bloco. Onde uns querem parar, nós queremos continuar a avançar", acrescentou.
Porfírio Silva ressalvou o tema das nacionalizações, em cima da mesa na parte final do debate entre António Costa e Catarina Martins, para salientar: "Um plano de nacionalizações que custaria o dobro das verbas do PRR, é um ponto programático do BE que Catarina Martins acha que não tem obrigação de explicar?! O país não merece que lhe expliquem como é que o BE quer agravar a dívida pública ao nível de 14,5% do PIB?!"
Do outro lado da 'barricada' política, Duarte Marques, do PSD, recorreu também às redes sociais para comentar o debate PS/BE. "Notável este lavar de roupa suja entre PS e BE. Assim se percebe que só com o PSD a vencer as eleições haverá estabilidade", considerou.
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