Costa critica "sistema misto" e "prisão perpétua que não é bem perpétua"

"Quando se começa a achar que a prisão perpétua não é bem prisão perpétua é o primeiro passo para começar a achar que o racismo não é bem racismo, que a xenofobia não é bem xenofobia, que a homofobia não é bem homofobia", apontou o secretário-geral do PS, numa clara referência ao PSD.

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Tomásia Sousa com Lusa
17/01/2022 12:07 ‧ 17/01/2022 por Tomásia Sousa com Lusa

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António Costa defendeu, esta segunda-feira, que o "maior perigo" dos movimentos de extrema-direita é quando estes "conseguem condicionar os partidos tradicionais", normalizando propostas desigualitárias.

"O maior perigo que têm [movimentos de extrema direita] é quando conseguem condicionar os partidos tradicionais, os chamados partidos do sistema, os partidos democráticos, do centro", afirmou o secretário-geral do PS, no decorrer do encontro 'Continuar a Avançar em Igualdade', promovido pelas Mulheres Socialistas-Igualdade e Direitos, em Lisboa.

"Quando começam a mitigar e a querer normalizar aquilo que são propostas que têm uma raíz profundamente desigualitária e de desrespeito da dignidade da pessoa humana", concluiu.

Numa clara referência a Rio e Ventura e a um dos temas que marcou os debates pré-eleitorais, Costa refere que "quando se começa a achar que a prisão perpétua não é bem prisão perpétua é o primeiro passo para começar a achar que o racismo não é bem racismo, que a xenofobia não é bem xenofobia, que a homofobia não é bem homofobia".

Há valores que não são relativizáveis, mitigáveis, normalizáveis, têm de ser valores absolutos", sublinhou.

O primeiro-ministro considerou ainda que o combate às alterações climáticas "tem de continuar a ser uma prioridade". Para isso, defende, é necessário apostar "cada vez mais em energias renováveis", numa "economia circular", num "novo paradigma de mobilidade", enumerou.

E, voltando a abordar um dos temas quentes da pré-campanha, António Costa defendeu a prioridade de assegurar a sustentabilidade da Segurança Social, criticando as propostas do PSD nessa matéria.

Defendendo que "temos compromissos" com as gerações futuras, Costa afirma que, "quando começamos a dizer que podemos ter sistemas de Segurança Social de natureza mista, onde parte desses recursos são confiados ao mercado", estamos a pôr em causa a solidez desse "contrato intergeracional".

"Passamos a estar sujeitos às vicissitudes do mercado", aponta, lembrando que milhões de cidadãos nos EUA "perderam todas as suas poupanças" na crise de 2008. "Esse é um risco que não podemos correr."

"E, portanto, quando se vê aparecer na televisão uns candidatos com um ar muito moderno a dizer: "Nós temos aqui umas novas ideias, vamos ter uma Segurança Social que é um sistema misto, vamos libertar os cidadãos da carga fiscal". Bom, o que estão a impor aos cidadãos é um enorme risco para as gerações futuras e presentes, que é deixarmos de ter um sistema de Segurança Social que seja sustentável", contrariou.

"Se há algo que ficou claro com esta pandemia é o conjunto das respostas sociais serem absolutamente fundamentais", acrescentou.

Diversidade no Governo

O secretário-geral do PS considerou hoje que a diversidade existente entre os membros do seu Governo foi recebida com normalidade pela sociedade portuguesa.

Estas posições foram transmitidas por António Costa num encontro de campanha eleitoral sobre o tema "Continuar a avançar em igualdade", aberto pela presidente do Departamento Nacional das Mulheres Socialistas, Elza Pais, e pela dirigente do PS Susana Ramos, no Teatro Thalia, em Lisboa.

"Eu não compus o Governo para que o Governo fosse diverso. Agora, de facto, compus o Governo garantindo que a diversidade não era um fator de exclusão. Praticamente não se deu por isso, mas a verdade é que, pela primeira vez na nossa História, tivemos uma ministra negra", declarou o líder socialista.

António Costa disse depois estar quase certo de que o seu executivo terá sido também o primeiro com uma pessoa de etnia cigana e com uma pessoa invisual.

"Seguramente não foi a primeira vez neste Governo, mas tivemos pessoas que se integram no universo LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero). O facto de nada disto ter sido fator de exclusão é muito relevante. Tudo isto aconteceu sem que a sociedade praticamente tivesse dado conta disso", observou o primeiro-ministro.

Na perspetiva de António Costa, isto "significa que a cultura de exclusão que alguns querem alimentar já não tem efetivamente adesão na sociedade portuguesa".

"Nenhum destes fatores de diversidade gerou qualquer reação negativa na sociedade portuguesa. Pelo contrário, as pessoas acham normal que assim seja e até estranham que isso possa ser sublinhado", declarou.

[Notícia atualizada às 13h20]

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