"As pessoas contactam neste momento a Linha de Saúde Açores, as delegações de saúde concelhias, as unidades de saúde hospitalares e de ilha e não conseguem ter resposta para fazer testes rápidos e testes PCR. Isso, em primeira instância, é o que deve ser reforçado neste momento, imediatamente", afirmou o deputado socialista Tiago Lopes, numa conferência de imprensa em Angra do Heroísmo.
Segundo Tiago Lopes, que foi diretor regional da Saúde no anterior executivo açoriano, do PS, os Açores estão a "testar pouco" atendendo à sua situação epidemiológica e "não existe evidência de se estarem a quebrar cadeias de transmissão".
O socialista propõe, por isso, que o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) reative os protocolos com os laboratórios da Universidade dos Açores para realização de testes PCR, organizando, em colaboração com os municípios, "dias de testagem gratuita, abertos a toda a população".
Por outro lado, sugere a distribuição de testes rápidos adquiridos por todas as unidades de saúde dos Açores e, se necessário, a aquisição de mais.
Questionado sobre a falta de meios nas unidades de saúde, que em quatro ilhas já levaram a uma redução da atividade assistencial, Tiago Lopes alegou que o executivo pode pedir apoio às forças armadas.
"Havendo falta de recursos, é necessário pedir apoio e não há vergonha nenhuma em pedir apoio às forças armadas para que auxiliem neste processo, para que possamos dar uma resposta eficaz às necessidades da população neste momento", apontou.
O presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, revelou na sexta-feira que o executivo estava em negociações com as Forças Armadas, mas o deputado socialista considerou que esse apoio é urgente, até para que possa ser reforçada a vigilância epidemiológica na região.
"A medida concreta que achamos muito urgente e prioritária é, não já a chamada ou convite ou as conversações com as Forças Armadas para colaborarem, mas a entrada efetiva e imediata das mesmas nessa componente da vigilância epidemiológica", adiantou.
Segundo Tiago Lopes, "o seguimento de casos positivos pelos médicos de medicina geral e familiar não está a ser efetuado diariamente".
O deputado alertou ainda que o tempo de espera para acesso à Linha de Saúde Açores está "para lá do razoável" e que o contacto de retorno de uma pessoa com teste positivo chega a ultrapassar "cinco dias".
O socialista acrescentou que as "falhas de informação e dificuldades de comunicação" têm levado a que pessoas com suspeita de infeção "se desloquem aos serviços de urgência".
O PS propõe o reforço "o mais rapidamente possível" da Linha de Saúde Açores e a reativação da linha de atendimento não médico e da linha de apoio psicológico, "recorrendo à contratação externa" e aos "próprios técnicos do Governo Regional de diversas áreas".
Questionado sobre a plataforma digital para apoiar os doentes e clarificar procedimentos no âmbito da pandemia da covid-19, anunciada na terça-feira pelo secretário regional da Saúde, Tiago Lopes defendeu que o mais importante é reforçar os recursos humanos.
"Neste momento, ficarmos a aguardar pela implementação de uma solução informática pode não dar a resposta necessária e devida no seu tempo. Penso que sobretudo aquilo que é necessário é recursos humanos", explicou.
O deputado socialista manifestou ainda preocupação com o aumento de internamentos por covid-19 na região, que disse estar "em contraciclo com o território continental", defendendo que é preciso "projetar e preparar os recursos, os meios e as soluções alternativas que preservem e garantam a capacidade de dar respostas".
Para Tiago Lopes é igualmente "urgente" reforçar a capacidade de vacinação contra a covid-19 na região, em especial com a dose de reforço, "reativando centros de vacinação para aumentar a taxa de cobertura vacinal".
"Ainda vamos a tempo de controlar a situação pandémica na região, porque a situação neste momento é periclitante", sublinhou.
Os Açores bateram hoje um novo recorde de casos diários de infeção por SARS-CoV-2, com 1.082 novos casos, e registaram um óbito.
A região tem 4.594 casos ativos de infeção, sendo 3.223 em São Miguel, 731 na Terceira, 278 no Pico, 238 no Faial, 45 em São Jorge, 43 nas Flores e 36 em Santa Maria.
Estão internadas com 41 pessoas com covid-19 nos três hospitais da região, incluindo seis em unidade de cuidados intensivos.
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