Num dia em que se registaram mais de 58 mil novos casos de infeção com o vírus SARS-CoV-2, um novo máximo diário em Portugal, Bloco de Esquerda (BE), CDU (PCP/PEV) e PAN tiveram ações de campanha dedicadas à saúde.
A meio da tarde, o Ministério da Administração Interna divulgou que mais de 315 mil eleitores se inscreveram para votar antecipadamente em mobilidade no domingo, uma semana antes das legislativas de 30 de janeiro.
Ao sexto dia oficial de campanha, António Costa teve o apoio de personalidades da cultura e do desporto, em Lisboa, e foi nesse encontro que Rosa Mota, que já esteve ao lado do PS noutras eleições, e o escritor Valter Hugo Mãe criticaram a gestão de Rui Rio como presidente da Câmara Municipal do Porto, entre 2002 e 2013.
"O que se tentou destruir naquela cidade que todos chorámos. E também aquela parte dele -- ia dizer uma palavra, mas é feia, não se pode: ele é que manda, que é um 'nazizinho', e o resto põe de lado", disse Rosa Mota, enquanto Valter Hugo Mãe culpou Rio por um "inverno cultural" na cidade do Porto.
Nesta ocasião, o secretário-geral do PS contestou um eventual congelamento do salário mínimo e uma descida do IRC para todas as empresas e prometeu "continuidade de políticas" se formar novo Governo, apontando para uma "renovação" da sua equipa.
Mais tarde, na Guarda, António Costa demarcou-se do termo "nazizinho" utilizado por Rosa Mota, referindo que nunca o utilizou e que, apesar de estar muito grato pelo apoio da maratonista, "cada um fala por si".
Rui Rio já tinha reagido antes, na Figueira da Foz, distrito de Coimbra, a essa expressão declarando não querer valorizar "um insulto" vindo de quem não merece essa importância. "Não é essa a forma de se fazer campanha, nem de fazer política, a minha não é e está provado que não é, mas o doutor António Costa é que sabe quem mete dentro da sala", acrescentou.
O presidente do PSD, que de manhã fez uma avaliação médica por causa sangramento nasal que o afetou na quinta-feira, considerou que está a ser o alvo sistemático da campanha do PS: "Toda ela está feita na base de tentar deturpar o que eu digo e não procurar defender as suas próprias propostas. E quando defende as suas próprias propostas é um orçamento que chumbou e nem sei como é que ele o quer fazer passar no caso de ganhar as eleições".
A coordenadora do BE visitou a Unidade de Saúde Familiar (USF) da Baixa, no Martim Moniz, em Lisboa, e apelou ao voto de quem quer defender o Serviço Nacional de Saúde (SNS), reivindicando para o seu partido a posição "mais clara" quanto à disponibilidade "para construir soluções concretas" a seguir às eleições.
À tarde, Catarina Martins esteve no Agrupamento de Escolas de Marrazes, em Leiria, onde acusou o Governo do PS de ter sido "muito lento às necessidades da escola pública ou do SNS" e a direita de querer "desmantelar estes serviços com a sua privatização".
Em representação da CDU, o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, começou o dia no Centro de Saúde de São Bartolomeu de Messines, no concelho de Silves, no distrito de Faro, onde ouviu testemunhos sobre a falta de médicos e atribuiu responsabilidades à governação do PS, observando: "A realidade é um murro no estômago".
O dirigente comunista insistiu no desafio aos socialistas para que esclareçam "se recusam ou não a convergência com a CDU" após as legislativas, ao qual considerou que António Costa anda "a fugir".
A porta-voz do PAN esteve no mesmo distrito, em Portimão, onde se reuniu com a administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve e realçou as dificuldades de contratação e fixação de médicos no SNS: "Nunca perdemos como hoje os especialistas nas diferentes áreas de saúde, quer na região do Algarve, quer também ao nível nacional", apontou.
Mais cedo, Inês de Sousa Real visitou as Alagoas Brancas e defendeu "a conservação deste património natural único" onde se pode observar anualmente 114 espécies diferentes.
No Porto, o presidente do CDS-PP declarou-se "muito honrado e feliz" com a presença de Manuel Monteiro, António Lobo Xavier e João Almeida em ações de campanha do partido, no distrito de Aveiro, e justificou que não estivessem ao seu lado com a impossibilidade de "compatibilização da agenda".
No Mercado do Bolhão, Francisco Rodrigues dos Santos foi aconselhado a não se juntar a Rui Rio num futuro Governo, mas comprometeu-se a tudo fazer por uma "nova maioria de direita no parlamento".
O presidente e deputado único da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, propôs hoje mudanças na colocação de professores, com autonomia dada às escolas, classificando o atual sistema e os incentivos que lhes são dados como "arcaicos e centralizados", no fim de uma visita à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, em Almada.
Em Viana do Castelo, o presidente do Chega, André Ventura, defendeu que, caso se forme uma maioria de direita, a "mais urgente tarefa" será fazer "uma auditoria completa aos gastos políticos e despesas do sistema político e administrativo que o PS teve em seis anos de governação". Na segunda-feira tinha dito que "acabar de vez com as portagens" era "a medida mais urgente".
O fundador e cabeça do lista do Livre por Lisboa, Rui Tavares, visitou uma loja de calçado ecológico em Braga, onde sustentou, com base nas sondagens, que "a pressão para uma maioria absoluta não está a funcionar" e sugeriu ao PS que opte por "arrepiar caminho" e mostre "vontade de convergência e entendimento à esquerda".
Além de PS, PSD, BE, CDU (PCP/PEV), CDS-PP, PAN, Chega, Iniciativa Liberal e Livre -- partidos que conseguiram representação parlamentar nas legislativas de outubro de 2019 --, concorrem às eleições de 30 de janeiro outras 12 forças políticas, num total de 21.
Os outros partidos concorrentes são: Aliança, Ergue-te (ex-PNR), Alternativa Democrática Nacional (ex-PDR), PCTP-MRPP, PTP, RIR, MPT, Nós, Cidadãos!, MAS, JPP, PPM e Volt Portugal, que se estreia em legislativas.
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