"Daqui até domingo, as pessoas que ainda não decidiram, ou então que já decidiram e não tinham reparado neste ponto, têm de voltar a refletir um bocadinho para saber o que é que colocam em primeiro lugar: tirar o PS ou eleger mais um deputado de um partido pequeno que não tenha deputado nenhum ou que eventualmente possa ter um e queira ter um ou dois ou três", declarou Rui Rio.
O presidente do PSD falava durante uma sessão temática de campanha numa tenda aberta em Leiria, depois de ouvir o ex-deputado António Leitão Amaro e Paulo Mota Pinto, cabeça de lista do PSD neste círculo eleitoral, fazerem apelos idênticos.
Paulo Mota Pinto disse que "quem pensa que pode não votar em Rui Rio e tirar António Costa está muito enganado" porque essa opção pode resultar num "voto em António Costa".
"O único voto que remove o PS, que remove António Costa é o voto em Rui Rio", defendeu Mota Pinto, que preside ao Conselho Nacional do PSD.
Antes, António Leitão Amaro, que na recente disputa interna pela liderança do PSD apoiou Paulo Rangel contra Rui Rio, considerou que "não há oportunidade de desperdiçar votos" nas eleições legislativas de domingo.
Leitão Amaro, que em 2019 decidiu sair do parlamento e não se recandidatar a deputado, dirigiu-se aos eleitores que ponderam "um voto para dar uma corzinha" a uma eventual maioria de direita, "mais à direita, mais liberal".
"Arriscam-se, votando num dos pequeninos, a votarem numa maioria derrotada", alertou Leitão Amaro, argumentando que o voto útil se justifica ainda mais em círculos eleitorais como o seu, o de Viseu, em que "cada voto é mais um deputado do PS ou mais um deputado do PSD".
No final desta sessão das "Conversas Centrais", que teve como tema "o regime", o presidente do PSD juntou-se a estes apelos.
Segundo Rui Rio, "para aqueles para quem a prioridade é que o doutor António Costa e o PS não continuem a chefiar o Governo do país só há um voto verdadeiramente útil para esse efeito concreto, que é no único partido que tem força para que isso possa acontecer, que é o PSD".
"No momento de votar as pessoas têm de optar e têm de ver o que é que colocam em primeiro lugar: eleger eventualmente mais um deputado de um pequeno partido mas manter o doutor António Costa, ou abdicar disso e dizer: a minha prioridade é tirar os socialistas -- e agora, à medida que a campanha avança, com os socialistas outra vez mais ligados ao BE e ao PCP", reforçou.
Durante esta sessão temática, houve críticas à não recondução de Joana Marques Vidal como procuradora-geral da República e de Vítor Caldeira como presidente do Tribunal de Contas, cargos que são nomeados pelo Presidente da República por proposta do Governo.
Leitão Amaro foi o primeiro a criticar essas opções. Mais tarde, Rui Rio abordou o tema, queixando-se da acusação que o secretário-geral do PS lhe faz de querer "partidarizar os conselhos superiores da Magistratura e do Ministério Público" devido à sua proposta de "lá pôr uma maioria de personalidades da sociedade civil".
"Não é verdade. Não somos nós que temos um historial de lá colocar gente próxima. Quem tem esse historial, como aqui foi relembrado, é muito mais o PS, que sem razão objetiva fez trocas que não fazia sentido", afirmou.
Sobre a Procuradoria-Geral da República (PGR), o presidente do PSD recordou a sua posição na altura, a favor da recondução de Joana Marques Vidal ou então da sua substituição por alguém de fora do Ministério Público, o que não se verificou com a nomeação de Lucília Gago.
"Pois não veio ninguém de fora, foi trocar era aquilo que estava direito por qualquer coisa que não vou agora classificar se está direito ou se está torto, mas que não se justificava. A troca justificava-se, quando muito, para fazer coisa completamente diferente", considerou Rio.
Henrique Neto, antigo deputado do PS que foi candidato presidencial e que nestas eleições é mandatário distrital do PSD em Leiria, foi mais duro e classificou a não recondução de Joana Marques Vidal como "uma página negra da democracia portuguesa".
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