O antigo presidente da República Ramalho Eanes revelou, este domingo, estar preocupado com a abstenção e confessou que a sua principal preocupação é a "estabilidade governativa".
"Votem porque não é apenas um direito, é também um dever e só votando a maioria é que realmente há uma legitimidade indiscutível do governo", afirmou aos jornalistas à chegada à Escola Básica e Secundária Luís António Verney, no Beato, em Lisboa, onde vota.
Acompanhado pela mulher, Manuela Eanes, que se disse preocupada com as questões "da saúde, da educação, da Segurança Social, dos que têm fome, dos que não têm emprego", o primeiro presidente democraticamente eleito após o 25 de Abril afirmou que sem estabilidade não há consensos.
"A minha preocupação fundamental é a estabilidade governativa, porque sem estabilidade governativa dificilmente haverá possibilidade de encontrar soluções com uma consensualidade mínima para responder às reformas acrescidas para que o país tenha futuro", referiu.
Eanes apelou ao voto dos portugueses, mas acredita que, desta vez, o cenário "será realmente diferente". "Haverá, creio, que bastante menos abstenção", apontou.
Questionado sobre o fenómeno do distanciamento dos eleitores em relação à política, o antigo presidente acredita que isso se deva ao facto de as democracias não terem "respondido às expectativas que criam" e "porque os governos têm as responsabilidades, têm obrigações, e não os têm exercido de forma convincente".
Momentos depois, à saída das urnas, Ramalho Eanes confessou um sentimento de "dever cumprido" e adiantou que vai acompanhar a noite eleitoral em casa, com a mulher.
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