Numa reflexão após as eleições legislativas de dia 30 de janeiro, nas quais o Partido Socialista (PS) saiu vitorioso com maioria absoluta, Luís Marques Mendes realça, no seu espaço de comentário na SIC, que estamos perante “um novo ciclo político”, no qual António Costa, secretário-geral do PS, será “a figura mais importante a seguir a Mário Soares” na história do partido.
“É claramente um novo ciclo político, um tsunami”, começa por mencionar o comentador, acrescentando que se, por um lado, a tradição se mantém porque “sempre que um Presidente da República dissolveu o parlamento na sequência de uma crise política, houve grandes mudanças”, por outro António Costa “esmagou a esquerda” e saiu reforçado, com maioria absoluta.
“Antes havia um governo minoritário; agora, passa a haver um governo de maioria absoluta e de uma enorme maioria absoluta. Antes tínhamos a geringonça; acabou a geringonça, está morta e enterrada, e, provavelmente, para vários anos”, prossegue Marques Mendes, que considera que o secretário-geral do PS foi “o único que ganhou com a geringonça”, e que a esquerda levou “um murro no estômago”.
Neste cenário de governação “recentrada”, o comentador salienta que “Marcelo Rebelo de Sousa tinha toda a razão na atualização da vontade popular, porque as mudanças são, de facto, brutais”.
As alterações passam ainda pela saída do CDS-PP e do PEV do parlamento, o que para Marques Mendes “mostra que a lei da vida também se aplica na política”.
Ainda assim, os grandes vencedores são o PS e António Costa, que alcançaram “uma maioria absoluta que é histórica, que é surpreendente”.
“É certo que o PS já tinha tido uma maioria absoluta com José Sócrates, mas esta é muito mais história. José Sócrates estava fresquinho, candidato pela primeira vez a chefe do governo. Agora, António Costa já leva seis anos” na governação, com o “desgaste acumulado”, esclarece, rematando que “na história do PS, António Costa vai ficar a figura mais importante a seguir a Mário Soares”.
“Quando os outros caíram, que ele tem a sua maior maioria de sempre”, aponta, ainda que considere que se trate de uma consequência do descontentamento perante a crise política, na busca de estabilidade governativa.
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