Cecília Meireles esteve esta quarta-feira à noite no programa Crossfire da CNN Portugal, em debate com Isabel Moreira, onde classificou Costa como um homem de "pontes quando precisa delas". A ex-deputada da Assembleia da República defende que, neste momento, o primeiro-ministro se mostra muito dialogante e "essa imagem que ele quer fazer parecer e é razoável".
"Costa queria a maioria absoluta, mas percebe que a maior parte das pessoas olha para a maioria absoluta com desconfiança. (…) Para ele é importante dar pequenos sinais simbólicos", indica Cecília Meireles.
Sobre a aposta, que tem vindo a ser indicada pelo primeiro-ministro, de um governo mais pequeno, Meireles afirma não perceber o que mudou quando no passado Costa foi defensor dos grandes governos. "Não percebi o que mudou, mas mudou para melhor", acrescenta.
Ao longo do debate falou-se ainda da questão da maioria absoluta, com Cecília Meireles e Isabel Moreira a concordarem. "A maioria absoluta não é poder absoluto, em Portugal não", defendeu a ex-deputada.
Isabel Moreira concordou e explicou por que é que uma maioria absoluta não é poder absoluta: "Estamos numa democracia, num Estado de direito, temos Parlamento, temos Presidente da Republica, Tribunal Constitucional e imprensa livre que tem uma função de defesa da Democracia".
Em situações de maioria absoluta, que garantem estabilidade, na opinião de Moreira, "é importante que quem tenha esta maioria tenha esta humildade, como Costa já mostrou, que é uma pessoa de pontes e diálogos", apontou a deputada socialista.
Acrescentou ainda Isabel Moreira que não vê "com muita naturalidade determinadas intervenções que dizem que agora o PS não tem desculpas [referência às declarações de José Luís Arnaut, ex-ministro e militante do PSD] e tem de fazer isto e aquilo, mas não tem". "Tem de fazer o seu programa de governo", disse.
Em resposta a Isabel Moreira sobre Costa ser "um homem de pontes", Cecília Meireles afirmou: "Não sei Costa é uma pessoa de pontes, é uma pessoa de pontes quando precisa delas para levar água ao seu moinho, quando estão no caminho que ele quer seguir também rapidamente as dinamita. Aqui o sinal que ele está a dar é de acalmar as coisas".
"Em discussões mais sérias em que implica fazer escolhas vamos ver se esta abertura se mantém", apontou a ex-deputada. Cecília Meireles acrescentou que os problemas que podem ser agravados pela maioria absoluta "é quem recebe o dinheiro e quem será contratado para fazer estas obras". "É preciso um cuidado extremo", concluiu.
Recorde-se que o PS conseguiu uma maioria absoluta no passado dia 30 de janeiro, num resultado que, de acordo com as sondagens, não se previa.
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