Numa declaração em vídeo, André Ventura reagiu ao reconhecimento pela Rússia, na segunda-feira à noite, da independência das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, afirmando tratar-se de uma "nova narrativa que viola claramente o direito internacional e a soberania de um território".
Segundo o líder do Chega, as atitudes russas "não podem ficar impunes, nem devem ser ignoradas pelos políticos em toda a Europa", apelando a que as instâncias europeias tomem "uma posição firme, conjunta e forte em relação aos atos praticados contra a Ucrânia".
"A atitude da maior parte dos líderes europeus, e da maior parte dos países europeus -- incluindo Portugal -- tem sido fraca e tem sido frouxa. Não é assim que vamos conseguir resolver o conflito na Ucrânia. Hoje será uma parte do território -- as tais repúblicas independentes ou separatistas --, amanhã será outra parcela do território", perspetivou.
Ventura reiterou assim a necessidade de uma "mensagem de força, determinação e firmeza por parte da União Europeia", considerando que, caso a mesma não seja transmitida, "este conflito pode escalar e não ter um fim à vista".
Transmitindo a posição do partido, André Ventura afirmou que o Chega "manifesta solidariedade para com o povo ucraniano", instando "a Rússia a resolver diplomaticamente a questão com a Ucrânia e com os parceiros europeus".
"Há momentos na história em que é preciso muita firmeza de ação, de valores e de princípios, para conter questões que não se resolveram, infelizmente, pela via diplomática. A história do século XX mostra-nos isso, e é importante não o esquecer", concluiu.
Na segunda-feira, Vladimir Putin ordenou a mobilização do Exército russo para "manutenção da paz" nos territórios separatistas no leste da Ucrânia, que reconheceu como independentes.
Putin assinou dois decretos que pedem ao Ministério da Defesa russo que "as Forças Armadas da Rússia assumam as funções de manutenção da paz no território" das "repúblicas populares" de Donetsk e Lugansk.
Este reconhecimento já foi condenado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo Governo, nomeadamente pelo primeiro-ministro, António Costa, assim como pela União Europeia, que garantiu uma resposta ocidental "com unidade e firmeza".
O Ocidente e a Rússia vivem atualmente um momento de forte tensão, com o regime de Moscovo a ser acusado de concentrar pelo menos 150.000 soldados nas fronteiras da Ucrânia, numa aparente preparação para uma potencial invasão do país vizinho.
Moscovo desmente qualquer intenção bélica e afirma ter retirado parte do contingente da zona.
Nos últimos dias, o clima de tensão agravou-se ainda mais perante o aumento dos confrontos entre o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos no leste do país, na região do Donbass, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.
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