O PCP votou, esta terça-feira, contra a resolução do Parlamento Europeu de condenação da Rússia pela invasão à Ucrânia. O antigo eurodeputado do PCP João Ferreira, disse hoje em entrevista à CNN que acredita que a resolução europeia vai "escalar o conflito com tudo o que isso pode comportar de sofrimento", criando "clivagens ainda mais profundas entre dois povos que durante décadas conviveram".
O dirigente comunista pede que se trave a escalada militar e que todos os esforços sejam concentrados "na obtenção de vias de diálogo", sendo que, na opinião do ex-eurodeputado, "aumentar o ritmo de fornecimento de armas à Ucrânia", é "atirar gasolina para uma fogueira que já atingiu uma dimensão considerável”.
“Foi esta a lucidez e, creio que num certo sentido, a coragem que foram necessárias àqueles deputados que não votaram a favor desta resolução", disse ainda João Ferreira.
O ex-eurodeputado reforçou a ideia, dizendo acreditar que as sanções que têm vindo a ser adotadas "não vão afetar qualquer oligarca russo", mas sim o povo russo, ucraniano e até europeu - com especial incidência nos classes sociais mais baixas.
A resolução do Parlamento Europeu a condenar a invasão russa e bielorussa da Ucrânia teve 637 votos a favor, 26 abstenções e 13 votos contra, dois dos quais da delegação do PCP, composta por João Pimenta Lopes e Sandra Pereira.. O PCP foi o único partido até agora a recusar condenar o Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, pela invasão do território ucraniano.
Segundo comunicado enviado às redações pelo Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP no PE, "o que esta resolução faz é dar força à escalada, ao incremento da guerra, e dificultar o cessar-fogo e a solução negociada que se impõem no interesse dos povos e da paz mundial", pode ler-se.
Para o PCP, a resolução de apoio à Ucrânia e condenação da mesma "procura impor uma visão unilateral e instiga à confrontação, à guerra" e "ignora os atropelos aos princípios do direito internacional – dos quais tem uma visão seletiva, restritiva e instrumental – e as sucessivas decisões e provocações dos EUA, NATO e UE que levaram ao conflito na Ucrânia e precederam a intervenção militar da Rússia neste país".
Leia Também: Amnistia. Campanha espera angariar 100 mil euros para ajudar Ucrânia