O comentador político Luís Marques Mendes criticou a intervenção de Jerónimo de Sousa no congresso deste domingo do PCP, na qual o secretário-geral comunista demarcou o partido do regime de Putin e queixou-se de uma campanha anticomunista.
No seu habitual espaço de comentário na SIC, Marques Mendes considerou que as declarações de Jerónimo de Sousa não chegaram para 'limpar' a imagem externa do partido durante a invasão da Rússia.
Para o conselheiro de Estado, a posição do PCP não é "nada corajosa". "Acho uma posição de cegueira e miopia política", disse.
"Isto é o automatismo tradicional histórico do PCP: quando de um lado estão os Estados Unidos e a NATO, o PCP está sempre contra. Só que no fundo da questão, o PCP embora demarcando-se hoje, foge à questão essencial e diz que é corajosa essa posição", afirmou Marques Mendes.
No comício comunista em Lisboa, Campo Pequeno, Jerónimo de Sousa condenou "a recente intervenção militar da Rússia na Ucrânia e a intensificação da escalada belicista dos Estados Unidos, da NATO e da União Europeia".
"O PCP não apoia a guerra. Isso é uma vergonhosa calúnia. O PCP tem um património inigualável na luta pela paz. O PCP não tem nada a ver com o Governo russo e o seu Presidente. A opção de classe do PCP é oposta à das forças políticas que governam a Rússia capitalista e dos seus grupos económicos", afirmou o deputado.
Jerónimo de Sousa também argumentou que a guerra tem sido "pretexto para uma nova campanha anticomunista", mas Marques Mendes considera o argumento falacioso.
"Jerónimo de Sousa veio tentar corrigir um pouco a situação. Acho que não conseguiu. Primeiro, faz-se de vítima, dizendo que isto é uma campanha anticomunista. Não é: ninguém quer banir o PCP, o PCP tem direito à sua posição inacreditável e nós temos o direito a criticar", salientou o comentador.
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