O Partido Comunista Português (PCP) volta a estar no centro da polémica, na sequência do conflito da Ucrânia, ao votar contra uma recomendação para a adoção de medidas para apoio e receção de refugiados. João Ferreira justificou que não se pode tratar da situação dos refugiados "desconsiderando outros".
A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou esta quarta-feira a recomendação do Bloco de Esquerda (BE) de solidariedade com o povo ucraniano, pela implementação urgente de medidas para apoio e receção a pessoas refugiadas e de sanções contra a oligarquia russa.
A recomendação propunha, entre outras coisas, que "seja feito um esforço para que as famílias se reencontrem quando vêm da Ucrânia para cá, para o reagrupamento familiar", explicara ontem a coordenadora do Bloco.
"E também para que recebamos não só quem foge da guerra da Ucrânia, mas também aqueles que na Rússia se manifestam contra a guerra e por isso estão a ser perseguidos e Portugal deve ter um papel a apoiar estas pessoas corajosas que na Rússia também dizem não à guerra. Apoiar a Ucrânia, apoiar as vozes da oposição a Putin para que possamos fazer o nosso melhor no esforço de travar a guerra", detalhou ontem Catarina Martins.
O documento, dividido em quatro pontos, foi aprovado, mas contou com o voto contra do PCP em todos os quatro aspetos apresentados.
Já esta quarta-feira, o antigo eurodeputado comunista João Ferreira explicou que o partido entende que "importa não tratar a situação dos refugiados de forma restritiva ou discriminatória, abrangendo apenas alguns cidadãos em algumas circunstâncias e desconsiderando outros cujas circunstâncias merecem proteção com idêntica dignidade".
João Ferreira adianta ainda, numa publicação feita no Twitter, que o PCP está a trabalhar noutra proposta, "sobre acolhimento e integração de refugiados da guerra na Ucrânia "subscrita por várias forças políticas" que será votada hoje.
"O âmbito desta proposta é mais vasto, sendo esta mais completa", justifica. "Por exemplo, indo além das situações de reagrupamento familiar. Eventualmente desiludirei alguns adeptos do 'tiro ao PCP'. Mas é assim."
Adenda: Entendemos que importa não tratar a situação dos refugiados de forma restritiva ou discriminatória, abrangendo apenas alguns cidadãos em algumas circunstâncias e desconsiderando outros cujas circunstâncias merecem protecção com idêntica dignidade.
— João Ferreira (@joao_ferreira33) March 9, 2022
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil. O PCP tem recebido críticas de outros partidos e figuras políticas por não ter, desde logo, assumido uma posição marcadamente contra o regime de Vladimir Putin.
Os ataques na Ucrânia provocaram também a fuga de mais de dois milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
Leia Também: AO MINUTO: 5 mil civis saíram de Sumy; Japão doa equipamento pela 1.ª vez