O Partido Comunista Português (PCP) criticou esta sexta-feira o programa do Governo, apresentado menos de uma hora antes pela ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, afirmando que o documento não responde "aos problemas estruturais que afetam os trabalhadores e o povo".
Reagindo à apresentação, a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, disse que o programa, assumidamente pouco diferente do programa eleitoral, "opta pelas mesmas opções políticas que o governo tem prosseguido até aqui, e isso significa a recusa da resposta aos problemas estruturais que afetam os trabalhadores e o povo".
Para o PCP, o Governo "não assume o compromisso de resolver problemas concretos, que afetam os trabalhadores e o povo", especialmente no que diz respeito "aos salários e às pensões, à precariedade", e aos atrasos no Sistema Nacional de Saúde.
Paula Santos realçou que o programa está desatualizado "perante a realidade do nosso país e a situação económica", especialmente quanto ao "agravamento das condições de vida dos trabalhadores".
"O aumento do salário mínimo para os trabalhadores da administração publica [que passou para 705 euros em dezembro de 2021) é abaixo da taxa de inflação no início do ano, valor que agora já está muito ultrapassado", salientou a deputada.
O PCP também aproveitou para falar do que considera ser uma dependência da União Europeia, acusando o Governo de se "desresponsabilizar" pelo "empobrecimento dos trabalhadores e do povo".
"Remete essas respostas para decisão no âmbito da União Europeia, o que revele desresponsabilização do governo, mas também a sua subalternização às imposições da União Europeia".
Mariana Vieira da Silva apresentou esta sexta-feira o programa do Governo para os próximos quatro anos de legislatura, com o documento a definir como "desafios fundamentais" o combate à emergência climática, a transição digital, o défice demográfico e o combate às desigualdades.
O programa já foi entregue ao presidente da Assembleia da República e será discutido no Parlamento nos próximos dias 7 e 8 de abril, com o Partido Socialista a poder exercer a maioria absoluta para o aprovar.
Quanto ao Orçamento do Estado para 2022, este só será apresentado depois da aprovação do programa, sendo que o novo ministro das Finanças, Fernando Medina, terá ainda de reajustar o programa tendo em conta o atraso na legislatura e o impacto da guerra na economia nacional e internacional.
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