Eleições em 2024? CDS-PP estará "preparado para qualquer cenário"

O novo presidente do CDS-PP, Nuno Melo, promete trabalhar para que o partido regresse ao Parlamento e defende ter ferramentas que "outros partidos que estão na Assembleia da República não têm".

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Tomásia Sousa
04/04/2022 23:35 ‧ 04/04/2022 por Tomásia Sousa

Política

Nuno Melo

O novo presidente do CDS-PP garantiu, esta segunda-feira, que o partido estará preparado para um cenário de eleições antecipadas e acredita que as possibilidades dos democratas-cristãos regressarem à Assembleia da República "são reais".

Numa entrevista à SIC Notícias, onde também deixou críticas à forma como o novo Governo planeia aplicar o Plano de Recuperação e Resiliência (PPR), Nuno Melo assegurou que as pessoas "vão ver um CDS novo", que se irá preparar para a possibilidade de haver eleições legislativas dentro de dois anos.

"Tenho apenas de garantir que o CDS esteja preparado para qualquer cenário", afirmou, defendendo que "Bruxelas é uma possibilidade" para António Costa em 2024.Se tivermos eleições antecipadas, o CDS saberá estar preparado e nestes próximos dois anos trabalharemos muito para que assim seja", apontou Nuno Melo. 

Mas o novo líder do partido - eleito ontem com 75% dos votos - avisou, desde logo, que não irá "passar dois anos" a falar do Chega e do Iniciativa Liberal, porque, defende, "de cada vez que estiver a falar desses partidos" estará a valorizá-los.

"O dr. António Costa é, neste momento, a pessoa mais interessada em demonizar partidos como o Chega, porque sabe que nisso tem um crescimento eleitoral que fratura o espaço político do centro direita, com vantagem para a esquerda, a começar no Partido Socialista."

Nuno Melo garantiu ainda que o CDS estará muito focado no futuro e em resgatar "aquilo que nos melhores momentos sempre teve", enumerando "ideias identitárias", "quadros de referência em cada área setorial, pessoas muito competentes que o país inteiro conhece", "comunicação e novos temas" da agenda de um "partido moderno".

Questionado sobre como marcará essa posição estando fora do Parlamento, Nuno Melo respondeu que o CDS tem "muitas ferramentas que, apesar de tudo, outros partidos que estão na Assembleia da República não têm", como estar em várias câmaras municipais e no Parlamento Europeu.

"Claro que vai ser mais difícil", reconheceu, defendendo, no entanto, que as possibilidades de o partido voltar a estar representado na Assembleia "são reais". "Acredito que vamos dar a volta a estas circunstâncias difíceis. Acho que o CDS ainda tem muito para dar a Portugal", acrescentou o eurodeputado.

Os impactos da guerra na Ucrânia e o PPR

Além de considerar "chocante e absurda" esta forma de fazer guerra no século XXI, o novo presidente do CDS-PP também sublinhou que "as sanções e a guerra têm tido um impacto muito grande em Portugal".

"É quase paradigmático perceber que hoje os milhões do PRR não estão na pasta da Economia porque realmente este Governo quer aplicar esse dinheiro na dimensão pública do Estado", defendeu.

"Com uma inflação maior, acima de 2%, nós teremos um aumento das taxas de juro, terá como consequência uma dificuldade de gerir a dívida das famílias, das empresas e do Estado, razão pela qual todo este dinheiro que entrou numa só vez deveria ter sido, ainda por cima num contexto de guerra, direcionado para quem realmente gere riqueza, paga impostos e cria postos de trabalho: as pequenas e médias empresas."

Na visão de Nuno Melo, "tudo isto é consequência da guerra, mas podia ser minimizado".

"Portugal é neste momento o sétimo país mais pobre da UE em PIB per capita", referiu. "O Governo devia, desde logo, pensar que, no que tem a ver com o PRR, que este dinheiro tinha de ser direcionado para a dimensão privada do país, porque as empresas e as famílias precisam".

Leia Também: CDS. Conferência sobre inflação entre primeiras iniciativas do novo líder

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