O Partido Comunista Português (PCP) voltou a estar, esta quarta-feira, no centro da polémica, depois de se ter oposto à proposta de sessão parlamentar por videoconferência com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenky.
"A Assembleia da Republica, enquanto órgão de soberania deve ter um papel institucional, não para contribuir para a escalada da guerra", apontou Paula Santos, a líder parlamentar do partido.
Antes disso, o PCP já tinha defendido uma investigação rigorosa sobre as mortes de civis na cidade de Bucha, alertando para "comprovados exemplos" de operações de manipulação.
A nota, que sustentava que "são inquietantes" as notícias "difundidas a partir dos centros do poder ucraniano", gerou também alguma revolta, já que punha em causa a veracidade das imagens do massacre naquela cidade.
Nas redes sociais, multiplicam-se mais uma vez as reações à posição dos comunistas perante a situação na Ucrânia.
O líder do PSD, Rui Rio, questionou, no Twitter, como é possível que o Partido Comunista não concorde em aceitar que Zelensky discurse na Assembleia da República. "Inacreditável", escreveu.
O PCP não concorda com o convite ao Presidente da Ucrânia para discursar na Assembleia da República.
— Rui Rio (@RuiRioPSD) April 6, 2022
Inacreditável! Como é possível? https://t.co/hTFY0mJaxX
Cristóvão Norte, também do PSD, considera que "estamos a assistir ao suicídio" do PCP, que continua "a manter-se cegamente leal a Moscovo e a regimes que desprezam os direitos humanos".
PCP opôs-se a discurso de Zelensky no parlamento português.
— Cristóvão Norte (@cristovaonorte) April 6, 2022
Estamos a assistir ao suicídio de um partido em direto.
O PCP continua, como em toda a sua história, a manter-se cegamente leal a Moscovo e a regimes que desprezam os direitos humanos e a sã convivência entre as nações.
O presidente do Volt Portugal, Tiago Matos Gomes, compara mesmo o PCP a um homem "que culpa a mulher que se pôs a jeito para ser violada". "O PCP desculpabiliza o violador e culpa quem é violado. O PCP desculpabiliza o agressor e culpa o agredido", escreveu no Twitter.
O PCP parece aquela pessoa que culpa a mulher que se pôs a jeito para ser violada por ter usado decote e mini-saia. O PCP desculpabiliza o violador e culpa quem é violado. O PCP desculpabiliza o agressor e culpa o agredido.
— Tiago Matos Gomes (@TiagoMatosGomes) April 6, 2022
A socialista Isabel Moreira partilhou o texto do grupo parlamentar, onde os comunistas pedem o "cabal apuramento dos relatos" sobre a morte de civis em Bucha, face às "alegações russas de que se tratou de uma operação de manipulação".
Mais tarde, a deputada voltou a recorrer ao Twitter para defender que as declarações da líder parlamentar do PCP "são um suicídio político".
Nao há palavras , @pcp_pt . pic.twitter.com/tOMpx7scZ1
— Isabel Moreira (@IsabelLMMoreira) April 6, 2022
Outro deputado do PS a reagir foi Ivan Gonçalves, que considerou "penoso" para os que se habituaram a respeitar o PCP "assistir a esta contemporização com um agressor que não respeita os mais básicos direitos humanos".
É penoso, para todos aqueles que se habituaram a respeitar o @pcp_pt, o papel que teve na construção da democracia em Portugal e na defesa dos mais vulneráveis, continuar a assistir a esta contemporização com um agressor que não respeita os mais básicos direitos humanos.#Ucrania pic.twitter.com/b4Lq9lXTk2
— Ivan Gonçalves (@ivancgoncalves) April 6, 2022
João Paulo Batalha, ex-presidente da associação Transparência e Integridade, defendeu que o PCP "é, no máximo, um partido resignado à democracia liberal".
"Mas não defende a democracia liberal nem a construiu. Quando surge cheio de certezas sobre os crimes das democracias liberais e cheio de dúvidas sobre os crimes das ditaduras totalitárias, é por isso", acrescentou.
O @pcp_pt é, no máximo, um partido resignado à democracia liberal. Mas não defende a democracia liberal nem a construiu. Quando surge cheio de certezas sobre os crimes das democracias liberais e cheio de dúvidas sobre os crimes das ditaduras totalitárias, é por isso. https://t.co/HIrpm5r6T9
— João Paulo Batalha (@JoaoPBatalha) April 6, 2022
As críticas e comentários não se ficaram por aqui. Da surpresa à ironia, houve também espaço para os famosos memes em torno da posição dos comunistas.
Quando Zelenski intervir na Assembleia da República, teremos as palmas hipócritas do BE (basta recordar o que eles diziam dele). Mas a grande dúvida é: o que farão os deputados do totalitário PCP? Sairão da sala? Ficarão em silêncio? Ou serão igualmente hipócritas como os do BE?
— Nuno Gouveia (@Gouveia) April 6, 2022
A "justificação" do PCP é uma vergonha, afirmam que ouvir Zelennsky é "não contribuir para a paz". Um partido cada vez mais pária no sistema político nacional.
— Pedro Tomás 🇺🇦 (@pedrotomas1975) April 6, 2022
O PCP pic.twitter.com/eFtOf0jW11
— Nino (@Nino44711793) April 6, 2022
O PCP quer uma investigação rigorosa sobre a guerra na Ucrânia. Desde que não se ouçam os ucranianos, claro pic.twitter.com/5j7HvMuWPI
— João M Fernandes (@jmmfernandes) April 6, 2022
Lá vão eles, firmes e hirtos, inquebráveis, orgulhosamente rumo à irrelevância pic.twitter.com/2ekjiO5jhk
— Prof. Dr. Eng. Insónias em Carvão (@DeInsonias) April 6, 2022
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