"No quadro da discussão do Orçamento do Estado, em relação às creches, está lá reconhecida a questão da gratuitidade das creches, mas, por exemplo, falta logo lá a rede pública. É fundamental que a rede pública dê resposta às necessidades evidentes que se colocam", sustentou Jerónimo de Sousa, no final de uma visita ao Instituto de Apoio à Criança, em Lisboa.
O dirigente comunista disse que "o défice demográfico" podia encontrar parte da solução da rede pública de creches, uma das propostas a que o partido deu maior importância durante a discussão da proposta de Orçamento do Estado para este ano, que acabou por ser rejeitada na generalidade, em outubro de 2021.
Na versão mais recente do Orçamento, o Governo apresentou uma proposta de gratuitidade das creches que têm acordo com a Segurança Social para todas as crianças até um ano de idade, estimando que esta medida tenha um impacto na despesa de 16 milhões de euros.
Jerónimo de Sousa acrescentou que o "problema do empobrecimento das crianças resulta do empobrecimento dos próprios pais" e a inflação que "está aí badalada" significa "que os salários vão valer menos".
"Isso aumenta os encargos com quem tem crianças (...). Não é por acaso que, nas estatísticas no plano nacional e no plano europeu, se verifica esse défice demográfico. Os pais não podem, mesmo que gostem muito, arriscar ter filhos e depois não ser capazes de lhes dar uma resposta", lamentou.
O secretário-geral comunista também criticou que "se olhe para os salários e as pensões como um elemento que não conta", considerando que "não é preciso ser especialista" para perceber que a inflação "come" os aumentos previstos, por exemplo, ao nível das pensões.
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