"O PSD está preparado. Entendemos que estamos perante um assunto demasiado grave que devia ter consequências políticas e a assunção de responsabilidades por parte do presidente da Câmara de Setúbal e pela maioria [relativa] CDU no executivo", disse à agência Lusa o presidente da Comissão Política Concelhia do PSD de Setúbal, Paulo Pisco.
A Câmara de Setúbal está sob investigação da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) e Inspeção-Geral de Finanças, na sequência das suspeitas divulgadas pelo jornal Expresso de que mais de 160 refugiados ucranianos terão sido recebidos na autarquia por dois cidadãos russos, um deles alegadamente próximo do Kremlin, no âmbito de um protocolo do município sadino com a Associação dos Imigrantes de Leste (Edintsvo).
Segundo Paulo Pisco, dos 15 membros que integravam a lista do PSD, só o vereador Fernando Negrão não entregou à concelhia a carta de renúncia ao mandato autárquico.
Fernando Negrão já fez saber, no entanto, que também apresentará a renúncia ao mandato caso haja um entendimento nesse sentido por parte dos dois partidos da oposição no executivo, PS e PSD.
Contudo, embora critiquem a atuação da liderança da CDU, os dois partidos ainda não se entenderam para renunciarem conjuntamente aos mandatos e assim provocarem eleições intercalares para a Câmara Municipal de Setúbal.
O vereador do PS Fernando José defende que a receção aos refugiados ucranianos no município foi "uma grande trapalhada", mas considera que, por enquanto, não há motivos para exigir a demissão do presidente do município sadino.
"Neste momento, e não havendo processos concluídos, cabe ao presidente da autarquia responder se tem ou não tem condições para continuar neste momento", disse na quarta-feira o autarca socialista, que também remeteu uma reavaliação de todo o processo, por parte do PS, para depois de concluídas as investigações em curso.
O autarca e deputado socialista eleito por Setúbal, admitiu, no entanto, que "caso os vereadores do PSD concretizassem a sua renúncia ao mandato, aquilo que iria acontecer é que os vereadores do Partido Socialista iriam ficar sozinhos com os vereadores do PCP".
"Seria uma inversão dos resultados das últimas eleições autárquicas, em que a CDU perdeu a maioria absoluta, e uma falta de representatividade do executivo camarário", disse Fernando José.
"Se essa situação se vier a concretizar, obviamente que os vereadores do PS, com a sua comissão política, se irão reunir, nas 24 horas seguintes, para tomar uma decisão que acho que é óbvia para todos os setubalenses", salientou o autarca socialista.
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