O ex-deputado do CDS-PP e antigo secretário de Estado do Turismo Adolfo Mesquita Nunes criticou, esta segunda-feira, a posição do Partido Comunista Português face ao possível alargamento da NATO à Finlândia e à Suécia.
O PCP condenou hoje "o explícito empenho do Governo português" no apoio manifestado à candidatura da Finlândia e da Suécia, argumentando que a adesão destes dois países "representa um sério agravamento da tensão" na Europa.
O tema esteve em cima da mesa no espaço de comentário 'Linhas Vermelhas', da SIC Notícias, onde Adolfo Mesquita Nunes considerou que o PCP se colocou, mais uma vez, "do lado da Federação Russa, a defendê-la" e a acusar o Ocidente de, "através dos alargamentos da NATO", ser hostil à Rússia.
"Nenhum país disparou um míssil que fosse à Rússia, nenhum foi hostil. É a Rússia que invade o território da Ucrânia e o PCP alinha pela propaganda russa", defendeu.
Sobre o interesse da Suécia e da Finlândia em aderir à Aliança Atlântica, o antigo governante sublinha que os "países têm fronteiras que precisam de ser protegidas" e que, neste caso, "eles sentem como sendo ameaçadas".
"É preciso ter vergonha na cara por falar em escalada de confrontação neste momento e achar que a Suécia e a Finlândia é que estão a escalar a confrontação por um país que continua a invadir outro e a matar civis", atirou ainda.
Para o antigo militante do CDS-PP, esta posição "mostra como o PCP é o mesmo de 1974".
Toda a sua natureza não mudou, continua alinhado com esta visão do mundo em que, a propósito de dizer mal dos Estados Unidos, tudo vale."
Adolfo Mesquita Nunes discorda ainda da posição do Bloco de Esquerda, depois de Catarina Martins ter exprimido esta tarde que uma expansão da NATO "não é a solução", considerando que não dá mais segurança à Europa a longo prazo nem permite autonomia para os projetos fundamentais do continente.
No mesmo espaço de comentário, a bloquista Mariana Mortágua lembrou que a NATO "é uma organização acusada de crimes de guerra pela Amnistia Internacional no Afeganistão, em ataques contra civis, e na Sérvia".
"O passado da NATO não é de uma força defensiva, é de uma força ofensiva que atacou civis, que desestabilizou áreas importantes do planeta e esse cadastro da NATO não pode ser apagado em nome da paz que todos queremos para a Ucrânia", afirmou a deputada.
Embora reconheça que, neste momento, a invasão da Ucrânia é uma dupla derrota estratégica para Putin - porque não só não consegue ganhar a guerra, como ainda conseguiu o reforço da NATO que, segundo Mortágua, era uma "instituição politicamente falida antes desta invasão".
"Parece-me que a própria vontade de reforço da NATO no pós-invasão é mais uma derrota", apontou a deputada, questionando, porém, se a entrada de novos países para a Aliança serve os propósitos da paz.
Mariana Mortágua antecipa três cenários - uma escalada nuclear, uma guerra prolongada na Europa ou "negociações de paz capazes" - e questiona mais uma vez em que é que o alargamento da NATO contribui para um bom resultado.
Quanto à posição da Turquia, que já afirmou que vetará a entrada da Finlândia e da Suécia na NATO se estes países mantiverem a sua política de "acolhimento de guerrilheiros curdos", Mariana Mortágua garante que aquela oposição de Erdogan nada tem a ver com direitos humanos.
"Não me parece que esta oposição de Erdogan à entrada de mais países na NATO seja uma posição que tenha a ver com direitos humanos ou sobre como trazer paz à Ucrânia, é uma questão de interesse próprio para poder esmagar os curdos com legitimidade, sabendo que alguns países nórdicos apoiam a causa curda", apontou.
Já Adolfo Mesquita Nunes aponta por que motivos querem aqueles dois países entrar na NATO.
"A Suécia e a Finlândia não querem entrar na NATO para se subjugarem aos Estados Unidos, senão já o tinham feito antes. A Suécia e a Finlândia querem entrar na NATO porque é o espaço que lhes garante defesa e numa guerra onde há armas há sempre quem ganhe", concluiu.
A Finlândia anunciou, este fim de semana, que pretende aderir à NATO, alargando assim a aliança militar ocidental que conta com 30 membros, numa resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia. A Suécia seguiu-lhe os passos esta segunda-feira.
Para permitir a adesão da Finlândia e da Suécia, é necessário o aval dos 30 membros da Aliança Atlântica.
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