Luís Marques Mendes analisou, este domingo, a visita do primeiro-ministro à Ucrânia, que decorreu no sábado. No seu espaço de comentário habitual na SIC Notícias, o político falou sobre o apoio de Portugal ao país de leste, da eventual entrada da Ucrânia na União Europeia (UE) e do anúncio das visitas oficiais a território ucraniano.
O comentador considerou que Marcelo Rebelo de Sousa não deveria ter anunciado que, no âmbito da sua viagem pelo leste europeu, o chefe do Governo se iria deslocar até à Ucrânia. "Tinha preferido que o Presidente da República não tivesse falado, nem antecipado, a ida de António Costa" afirmou, apressando-se a acrescentar: "Como também teria preferido que António Costa não tivesse anunciado publicamente o convite de Zelensky [para Marcelo visitar a Ucrânia]".
"Não compete ao Presidente da República ser uma espécie de porta-voz da agenda do primeiro-ministro" nem vice-versa, defendeu o social-democrata, referindo que perante os anúncios "não são questões de segredo de Estado ou segurança". "Tem a ver com o poder e competência dos órgãos de soberania", sublinhou.
Marques Mendes deixou ainda rasgados elogios ao líder socialista, que, na sua opinião, deixou bem clara qual era a posição de Portugal neste conflito. "Esteve bem na forma e no conteúdo. Reafirmou a solidariedade de Portugal em relação à Ucrânia, o apoio humanitário e militar", explicou, acrescentando que "esteve bem". "Surpreendeu positivamente com a oferta de milhões de euros", lembrou.
Mas os elogios do antigo líder do Partido Social Democrata não ficaram por aqui. "Esteve bem porque não foi hipócrita", considerou, argumentando que "anda muita boa gente da UE a mentir à Ucrânia, a enganar, iludir, a criar falsas expetativas", aludindo à discussão sobre a eventual entrada do país presidido por Volodymyr Zelensky no bloco europeu.
"A UE divide-se quase ao meio em matéria de entrada da Ucrânia no curto prazo", notou, esclarecendo que há países que fazem parte da chamada "velha Europa, com França à cabeça, que acham: 'Nem pensar. A Ucrânia só pode entrar daqui a vários anos, ou décadas". "Não é tempo de criar falsas expetativas. Mesmo perante Zelenksy, António Costa "não cedeu à tentação de dizer aquilo que é mais simpático ou agradável", notou.
Marques Mendes fez ainda um balanço sobre os quase três meses de guerra, defendendo que em termos militares existe "um impasse e muito difícil para a Rússia". Já em termos políticos, o social-democrata considerou que "mudou a natureza da guerra".
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