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Tondela quer louça preta de Molelos no inventário do património imaterial

O vice-presidente da Câmara de Tondela disse, esta sexta-feira, à agência Lusa que já se iniciou o processo de candidatura à inscrição da louça preta de Molelos no inventário nacional da cultura imaterial, iniciativa que pretende finalizar em dezembro.

Tondela quer louça preta de Molelos no inventário do património imaterial
Notícias ao Minuto

08:56 - 03/06/22 por Lusa

Cultura Tondela

"O barro preto, enquanto produto, está certificado. O que queremos preservar é a sua identidade e, daí, arrancarmos com este processo, porque queremos a sua inserção no inventário nacional do património imaterial", assumiu João Figueiredo.

O vice-presidente adiantou que o processo "começou agora e que o objetivo é ter a candidatura feita até final deste ano, para a entregar em janeiro" de 2023, tendo em conta que "demora sensivelmente seis meses" a preparar.

João Figueiredo, também responsável pela área da Cultura, justificou a iniciativa na sequência da matriz identitária da louça preta de Molelos na região e tendo em conta as tradições a ela associadas.

E objetivo é o de "precisamente preservar essa identidade da arte ancestral e todo o seu saber-fazer associado", como é o caso da Soenga, que é a cozedura tradicional, como se fazia originalmente, debaixo da terra".

"A importância deste processo tem a ver com a relevância que damos ao papel identitário das nossas tradições e, sobretudo, ao papel e ao valor que queremos dar ao nosso património que nos torna únicos, sendo que os oleiros de Molelos são, neste momento, a maior comunidade de louça preta do país", destacou.

Por isso, a autarquia quer "não só preservar, mas também fazer o levantamento, transmitir conhecimentos e preservar e daí fazer isto de forma metódica.

A ideia é a de estar em linha com as orientações da UNESCO e da Direção Geral do Património.

"A sua inclusão no inventário nacional do património imaterial tem a ver com esta vontade de preservar e de inscrever, enquanto bem imaterial, para as gerações vindouras e, por isso, é que já estamos no terreno, quer a fazer registo, com filmagens, de recolhas de testemunhos, de documentos e estudos", sublinhou.

Esta candidatura terá uma "comissão científica de apoio, inclusive, com personalidades internacionais, de reconhecido trabalho nesta área".

"A candidatura contempla a questão da olaria e dos artefactos, quer da forma de fazer, da identidade dos produtos, da especificidade da louça preta de Molelos, ao mesmo tempo que será elaborado um programa de salvaguarda a 10 anos", avançou.

No seu entender, uma década é o tempo que "permite traçar o caminho para a sua preservação e também a sua inovação", num trabalho que tem as "vertentes de salvaguarda e de preservação".

"Não escondemos também o nosso interesse em que Molelos passe a liderar um projeto internacional, nomeadamente com Itália e Espanha, já que fazemos parte da Associação de Cidades e Vilas Cerâmicas e sermos nós a liderar o processo no sentido da sua preservação, mas também do intercâmbio com comunidades internacionais com vista ao seu engrandecimento e à sua divulgação", assumiu.

Um projeto que o vice-presidente não quis revelar, porque "agora é importante a valorização nacional".

Indicou, contudo, que Espanha e Itália "têm as comunidades mais ativas nesta área da louça preta e há uma vontade legítima de acompanhar a vitalidade deste setor" nestes países.

Em causa, está também a continuidade da produção da louça preta e esta "é uma preocupação bem presente" na autarquia.

Por isso, o plano a 10 anos também inclui "uma forma de continuar esta arte ancestral" em Molelos.

"Já percebemos que, do ponto de vista económico, tem vantagens acrescidas, porque, neste momento, temos sete oleiros a trabalhar a 100% nisto, o que quer dizer que é rentável e, sobretudo, é atrativa, e queremos manter essa atividade nesse pendor", assumiu.

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