"Infame" e "ataque moral". As reações à decisão sobre o aborto por cá

No Twitter, as reações à decisão do Supremo dos EUA multiplicam-se. Da revolta aos alertas para recuos semelhantes na Europa, a maioria dos políticos opõe-se à anulação da proteção do direito ao aborto.

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© OLIVIER DOULIERY/AFP via Getty Images

Tomásia Sousa
24/06/2022 19:49 ‧ 24/06/2022 por Tomásia Sousa

Política

EUA

Várias figuras da política nacional têm reagido, ao longo da tarde desta sexta-feira, à decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos de revogar a proteção do direito ao aborto.

Nas redes sociais, são sobretudo os políticos de esquerda que têm mostrado contestação e incredulidade perante a revogação daquele direito.

À direita, o presidente do Chega aproveitou para apelar a uma reflexão em Portugal "sobre a importância da vida", mas disse não querer reabrir o debate sobre a descriminalização da interrupção voluntária da gravidez após a decisão nos Estados Unidos da América.

A deputada socialista Isabel Moreira reagiu à notícia no Twitter, onde escreveu: "Que pavor de dia. Que destruição. Que ataque mortal às mulheres." Por seu lado, o também socialista Tiago Barbosa Ribeiro comentou a incongruência dos republicanos em falar em "direito à vida" quando insistem em manter a permissão da venda de armas que tem levado a "massacres sucessivos".

 

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, classificou a decisão como "infame" e "um enorme recuo nos direitos da mulheres". 

"O feminismo é a luta dos direitos humanos. É a luta dos nossos dias", escreveu.

 

Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, defende que está "na hora de lutar pelas mulheres norte-americanas e assim lutaremos pelo futuro dos nossos direitos".

 

José Gusmão, também do BE, alerta para recuos semelhantes na Europa e avisa: "os direitos das mulheres, ou quaisquer outros, não estão conquistados para sempre. Têm e terão de ser defendidos".

 

Fabian Figueiredo, membro da Comissão Política do Bloco de Esquerda, recorda que votou a favor da legalização do aborto, algo que nos trouxe "para o século XXI". "Como os EUA provam, não voltar ao passado depende da nossa vigilância cidadã", aponta.

 

Inês Sousa Real fala em "dois pesos e duas medidas, ambos marcados pelo conservadorismo ideológico". À Lusa, a porta-voz do PAN já tinha defendido que a decisão do Supremo Tribunal dos EUA de anular o direito constitucional ao aborto naquele país é "um retrocesso grave" e disse temer que possa ter um efeito de contágio.

 

Já o Livre, que reagiu à notícia em declarações à Lusa, mostrou-se hoje solidário com as "mulheres e famílias norte-americanas" que estão contra a decisão do Supremo Tribunal dos EUA de revogar a proteção do direito ao aborto no país, falando em consequências do 'trumpismo'.

"Vamos seguir atentamente todos os aspetos da política norte-americana e estamos solidários com as mulheres e as famílias norte-americanas que creem que as decisões fundamentais da sua vida sexual, familiar e reprodutiva, em determinadas condições que já estavam reguladas, devem ser tomadas por parte das próprias pessoas", declarou Rui Tavares.

A Iniciativa Liberal (IL) considera um retrocesso nos direitos, liberdades e garantias a decisão de hoje do Supremo Tribunal dos EUA de anular a proteção do direito ao aborto, recusando qualquer recuo na legislação equilibrada em vigor em Portugal.

O Supremo Tribunal dos EUA anulou hoje a proteção do direito ao aborto em vigor no país desde 1973, numa decisão classificada como histórica que permitirá a cada Estado decidir se mantém ou proíbe tal direito.

Esta decisão não torna ilegais as interrupções da gravidez, mas devolve ao país a situação vigente antes do emblemático julgamento, quando cada Estado era livre para autorizar ou para proibir tal procedimento.

[Notícia atualizada às 22h51]

Leia Também: "Coração partido". Barack e Michelle Obama reagem a decisão sobre aborto

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