A deputada socialista Isabel Moreira recorreu esta manhã à rede social Facebook para desabafar sobre a decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos que confirmou esta, sexta-feira, revogar o processo 'Roe v. Wade', que concedeu o direito constitucional ao aborto no país há quase 50 anos.
Na publicação, a socialista informa que "a reversão do Roe v. Wade significa que qualquer Estado dos EUA pode, hoje mesmo, proibir o aborto", algo que era "direito constitucional fundado na XIV Emenda".
Depois, fala sobre o caso que deu origem inicialmente a esta lei americana - o de uma mulher grávida pós violação, nomeadamente Jane Roe.
Partindo deste exemplo, a deputada fala sobre "gravidez forçada" e salienta que para ela "talvez seja o que mais se aproxima da nossa escravatura, no sentido em que o Estado decide controlar os nossos direitos sexuais e reprodutivos".
“Não me interessa o que sentes, não me interessa o que, na tua privacidade, te faz saber que não podes continuar essa gravidez, porque decidimos por ti: levas a gravidez em diante ou vais presa“, exemplifica a representante.
Acrescenta depois que "nunca foi possível proibir o aborto em lado algum". "Aquilo que se vai proibir em muitos Estados dos EUA é o aborto seguro e, com ele, o acesso a direitos sexuais e reprodutivos. A decisão de ontem foi uma sentença de morte para milhares de mulheres, sobretudo mulheres pobres e, também , mulheres racializadas", sublinha.Não se vê qualquer razão jurídica ou social que justifique a decisão de ontem", alerta.Para Isabel Moreira, esta é uma decisão que é "o culminar de um plano bem traçado por uma direita extremada que soube fazer o seu caminho desde a derrota de H. Clinton", sendo que "ontem muitas mulheres foram, pura e simplesmente, condenadas à escravatura e à morte".
Deixa ainda o aviso: "Para já, sei que nada do que acontece nos EUA acontece só nos EUA. Ontem foi lá, um acto de guerra sobre as mulheres, mas estejamos atentas e atentos em todo o lado".
Veja aqui o desabafo completo da deputada:
Recorde-se que esta decisão tomada pela maioria de juízes conservadores no Supremo tribunal já era esperada, depois de ter sido divulgado em maio um rascunho sobre a intenção do principal tribunal norte-americano de reverter o processo. A votação foi de 5-4, sendo que os três juízes conservadores nomeados pelo ex-presidente Donald Trump fizeram pender a balança para o lado anti-aborto.
A reversão do 'Roe v. Wade', o processo que concedeu o direito federal e universal ao aborto em todo o país, em 1973, é um dos mais duros golpes aos direitos das mulheres norte-americanas em quase 50 anos.
Leia Também: É oficial: Supremo dos EUA anula decisão que deu direito ao aborto