Num jantar comício "Aumentar salários e pensões, para uma vida melhor", em Arzila, no concelho de Coimbra, Paulo Raimundo sustentou que o executivo da Aliança Democrática (AD) está "apressado em privatizar tudo onde o capital quer pôr a mão", formando grupos de trabalho para elaborar conclusões "que já estão mais que tiradas e que visam o assalto aos fundos da Segurança Social".
"[Vão concluir] que a Segurança Social está em risco, há problemas de sustentabilidade e que vão tomar medidas, que para eles é uma gestão privada, a descapitalização total da Segurança Social e trabalhar mais tempo", disse aos jornalistas, no final do jantar que reuniu cerca de três centenas de apoiantes.
O secretário-geral dos comunistas advertiu o Governo para a resposta dos trabalhadores, "porque o dinheiro da Segurança Social é do trabalho e não do capital", lembrando o último executivo da AD da reação do povo "quando quis brincar com a Taxa Social Única (TSU)".
Paulo Raimundo referiu que o Governo pretende aumentar o tempo de trabalho e "obrigar as novas gerações a trabalhar até não poderem mais, quando aquilo que se impõe é que 40 anos de trabalho, 40 anos de descontos, permitam, sem penalizações e cortes, o mais que merecido acesso à reforma".
O líder do PCP acusou o Governo de ser submisso às ordens de Bruxelas, "sejam elas quais forem", e de cumprir uma "agenda de precariedade e exploração e de fazer da educação, da saúde, da infância e da velhice mais e mais negócios".
Na sua intervenção, apontou o dedo ao executivo de Luís Montenegro de abrir caminho para que a Caixa Geral de Depósitos compre o Novo Banco, que o Estado português salvou com uma injeção de 10 mil milhões de euros dos contribuintes.
"Depois de termos pagado o buraco, ainda se dão ao luxo de vir propor que o Estado, através da CGD, compre uma coisa que pagou uma, duas, três vezes, que está mais do que paga. O Novo Banco já é mais do que público e que tem de ser colocado ao serviço do povo", argumentou.
Para Paulo Raimundo, não faz sentido o Estado "equacionar sequer, vir a comprar uma coisa que foi paga com o nosso dinheiro e que o Estado devia ter ficado com a gestão pública", quando investiu para "tapar o buraco" do Novo Banco.
As críticas do secretário-geral dos comunistas estenderam-se também à política fiscal e aos 365 milhões de euros que o Governo está a transferir para os grupos económicos, com o apoio do "PS, Chega e Iniciativa Liberal".
O Governo "está a ajoelhar o país aos interesses e vontades das multinacionais, está a desbaratar a soberania, e está a preparar-se para obedecer à voz do chefe e transferir recursos públicos que tanta falta fazem, para o negócio das armas, da morte e da guerra".
"Não aceitamos cortes nos salários, nas pensões, nos serviços públicos, para transferir recursos para a indústria da guerra e da morte, em nome de uma suposta segurança que mais não é que uma garantia de lucros para o complexo industrial militar", sublinhou.
Leia Também: Novo Banco. PCP pede controlo público se inserido em estratégia nacional