O eurodeputado do PSD, Paulo Rangel, reagiu na quinta-feira à noite a toda a polémica que envolveu o ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos, o primeiro-ministro António Costa e o infame plano do aeroporto anunciado pelo ministro no dia 29 de junho.
Em declarações proferidas no Jornal das 7 da SIC Notícias, Paulo Rangel é perentório ao sublinhar que isto "não foi um erro de comunicação", como fez crer António Costa, e que Pedro Nuno Santos sabia o que estava a fazer.
Rangel começa por apontar o início da polémica que tinha dois pontos de "perplexidade". "O Governo anunciou uma solução para o aeroporto como se fosse do Governo. Ontem [dia 29 de junho] toda a tarde recebemos informação sobre a solução que teria sido tomada com duas matérias para perplexidade: a primeira é que desmentia completamente o que o primeiro-ministro tinha dito, que era aguardar pela nova liderança da oposição para fazer um processo de consultas e encontrar uma solução que vários partidos pudessem partilhar, e segundo ele [António Costa] estava no estrangeiro".
O eurodeputado não é parco nas palavras e frisa que Pedro Nuno Santos foi premeditado nas suas ações e mentiu. "Quando faz aquele despacho, e faz todo o exercício de comunicação do despacho, aliás, dizendo expressamente e, portanto, mentido, que falava em nome do Governo, ele sabia muito bem que estava a afrontar o primeiro-ministro", realçou o antigo deputado da Assembleia da República.
Rangel detalha ainda que, após Costa revogar o despacho, desautorizando o ministro, e tendo afirmando que "o líder da oposição tinha de ser consultado e o Presidente da República tinha de ser envolvido", seria de esperar que houvesse alguma consequência, no entanto, tal não aconteceu.
"Não acontece nada?", questiona acrescentando que "estamos todos na mesma".
"Isto não foi um erro, foi um desafio ao primeiro-ministro"
António Costa disse ontem, após toda a polémica, que "obviamente foi cometido um erro grave", mas "felizmente, prontamente corrigido".
Rangel nega que se tenha tratado de um erro. "Isto não foi um erro, foi um desafio ao primeiro-ministro", frisou.
"O ministro Pedro Nuno Santos não teve um erro de comunicação, ninguém apresenta um plano para um aeroporto, para as próximas décadas, como um erro de comunicação", acrescentou ainda.
Nas redes sociais, após as declarações dadas na estação de Paço de Arcos, o eurodeputado voltou a criticar a decisão do primeiro-ministro acusando todo o enredo de "desgoverno ostensivo".
"Quando um Ministro não se demite nem é demitido nestas circunstâncias, há uma clara anomalia institucional. O interesse nacional não pode ser um joguete nas guerras internas do PS", escreveu na rede social Twitter.
Quando um Ministro não se demite nem é demitido nestas circunstâncias, há uma clara anomalia institucional. O interesse nacional não pode ser um joguete nas guerras internas do @psocialista. O desgoverno é ostensivo.@ppdpsd pic.twitter.com/1mx0JRvSDa
— Paulo Rangel (@PauloRangel_pt) June 30, 2022
Recorde-se que Pedro Nuno Santos sobreviveu ontem a toda a polémica, mantendo-se no Governo. Costa reforçou que é preciso uma "decisão sólida" em relação ao aeroporto e admitiu que não conhecia o despacho. Por outro lado, manifestou a "certeza" de que "o ministro das Infraestruturas não agiu de má fé, teve humildade".
O outro protagonista do imbróglio, Pedro Nuno Santos, assumiu publicamente, em declarações aos jornalistas, a "inteira responsabilidade" por toda a situação, alegando ter sido "fruto de problemas de comunicação e de coordenação".
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