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Montenegro denuncia "folclore político" e mostra "orgulho" no 'passismo'

O líder do Partido Social Democrata (PSD) reagiu àquele que foi o primeiro Estado da Nação desta legislatura que, a seu ver, ficou marcado pela falta de resposta por parte do primeiro-ministro às intervenções da bancada do maior partido da oposição.

Montenegro denuncia "folclore político" e mostra "orgulho" no 'passismo'
Notícias ao Minuto

20:41 - 20/07/22 por Daniela Filipe

Política Estado da Nação

Luís Montenegro, presidente do Partido Social Democrata (PSD), assistiu ao primeiro Estado da Nação deste Executivo a partir do seu gabinete na Assembleia da República, numa mostra de "apoio ao grupo parlamentar". Além dos elogios rasgados a Joaquim Miranda Sarmento, líder da bancada do PSD, o responsável acusou o primeiro-ministro, António Costa, de ‘ignorar’ as preocupações apresentadas pelo maior partido da oposição, caracterizando a intervenção do Governo como “folclore político”.

“Houve uma grande diferença entre as intervenções do PSD e as intervenções do Governo”, começou por refletir Montenegro, em declarações aos jornalistas, no final de um debate marcado pelos incêndios florestais, pelos problemas registados no Serviço Nacional de Saúde (SNS), e pela inflação.

Na sua ótica, as intervenções do PSD pautaram por “conteúdo e substância”, realçando as “preocupações que todos os dias os portugueses sentem nas suas vidas, na tentativa de esclarecer junto do Governo quais os caminhos que vão ser percorridos” no sentido de as colmatar.

“A isso, o senhor primeiro-ministro decidiu responder com um folclore político habitual. Chegou, inclusivamente, a um momento que considero hilariante, que foi apontar uma dissintonia no PSD. Quem diria que duas semanas e pouco depois da maior dissintonia de sempre de um Governo, entre um primeiro-ministro e um dos seus ministros mais políticos, havia o descaramento de levar o debate parlamentar para esse tipo de diversões, que são aquilo que, normalmente, marcam as intervenções do primeiro-ministro”, acusou, referindo-se à polémica com o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que viu o seu despacho para a solução aeroportuária em Lisboa ser revogado pelo chefe do Governo.

Além de não ter respondido aos “elementos de empobrecimento do povo português”, António Costa rejeitou também o "desafio" lançado pelo líder da bancada do PSD, algo “muito simples”.

“O Estado está a cobrar mais impostos do que aqueles que tem inscrito no Orçamento de Estado. Se tudo correr como está a correr, esse valor poderá ser superior a 10 mil milhões de euros, mas já ninguém acredita que fique abaixo de três mil milhões de impostos”, enquadrou Montenegro.

Nessa linha, o responsável recordou que a “pergunta foi direta”, repetindo: “Senhor primeiro-ministro, o Governo de Portugal está, ou não está, disponível para, desse valor, que nunca será inferior a três mil milhões de euros, investir 200, 300, 400, 500 milhões, devolvendo às famílias mais vulneráveis, aos pensionistas, às pessoas com apoios sociais”, entre outros.

Perante a falta de resposta, o presidente do PSD disse ter ficado “estupefato”, principalmente depois de o primeiro-ministro ter atirado que, “em setembro, logo se vê”.

"Grande honra e grande orgulho de ter estado ao lado de Pedro Passos Coelho"

Quanto à acusação do chefe do Executivo de que o PSD regressou ao ‘passismo’, Montenegro reiterou sentir “uma grande honra e um grande orgulho de ter estado ao lado de Pedro Passos Coelho e de ter retirado a troika de Portugal”. Lançou, assim, um novo desafio ao primeiro-ministro.

“Exorto António Costa a dizer se tem o mesmo orgulho e a mesma honra de ter estado ao lado de José Sócrates, que trouxe a banca rota ao país, e a troika, e ao lado de António Guterres, que deixou o país num pântano”, rematou.

Recorde-se que a Assembleia da República discutiu, durante a tarde desta quarta-feira, o Estado da Nação, num debate pautado pelas intervenções dos partidos quanto aos incêndios florestais, aos problemas registados no Serviço Nacional de Saúde (SNS), e à inflação.

Entre acusações de que o Executivo já está "esgotado", depois de ter criado uma situação de "caos" e de ter "condenado" o país à "estagnação", António Costa realçou "a grande diferença" entre o Governo e as oposições. 

"As oposições, perante os problemas, falam em caos, e o Governo, quando vê problemas, encontra desafios para procurar soluções", atirou.

A sessão arrancou com um discurso do primeiro-ministro, destacando-se ainda as declarações do ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, e do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.

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