"Apelamos à participação na manifestação 'Não nos encostem à parede' de 11 de janeiro, às 15 horas, para descer a Almirante Reis em defesa da democracia, do Estado de Direito e da Inserção Social", refere-se no apelo público, que está assinado por cerca de 50 personalidades, na sua maioria da área do PS.
Um apelo que também é subscrito pelo ex-ministro das Finanças e ex-presidente da Câmara de Lisboa Fernando Medina, assim como por outros antigos ministros socialistas como Jorge Lacão, Luís Castro Mendes e Tiago Brandão Rodrigues.
O documento, a que a agência Lusa teve acesso, está assinado, entre outras personalidades, por Agostinho Abade, Anabela Mota Ribeiro, António Pais, Carlos Sangreman, Cristina Ovídio, Domingos Pires, Eduardo Graça, Graça Pinto Basto, Hélder Oliveira, Hélder Rodrigues e pela deputada do PS Edite Estrela.
Entre os subscritores estão também Helena Caniço, Inês Cordovil, Irene Pimentel, Isabel Rodrigues, João Paulo Bessa, José Maria Brandão de Brito, Luísa Marques Júnior, Manuel Dias Ferreira, Manuela de Melo, a ex-eurodeputada socialista Margarida Marques, Maria Emilia Brederode Santos, Rita Ferro Rodrigues, a ex-deputada Sónia Fertuzinhos e a sindicalista Wanda Guimarães.
Logo na própria noite em que ocorreu a operação policial no Martim Moniz, no passado dia 19 de dezembro, o antigo presidente da Assembleia da República Ferro Rodrigues afirmou-se chocado com o que observou e classificou como "indecorosas" as declarações depois proferidas pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, para justificar essa operação policial.
"Estou em estado de choque com o que se passou na Mouraria", afirmou Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República entre 2015 e 2022 e secretário-geral do PS entre 2002 e 2004, numa mensagem que então enviou à agência Lusa.
Ferro Rodrigues destacou em particular uma foto exibida "com dezenas de pessoas encostadas às paredes perante polícias armados, como se estivessem numa guerra".
O antigo secretário-geral do PS condenou também as declarações "indecorosas e irresponsáveis proferidas pelo primeiro-ministro", Luís Montenegro, sobre esta operação policial e concluiu: "Agora sim, é caso para dizer vergonha. Quem cala consente e não quer consentir".
O primeiro-ministro, na sua primeira reação, considerou que a operação da PSP no Martim Moniz, em Lisboa, foi "muito importante" para criar "visibilidade e proximidade" no policiamento e para aumentar a sensação de tranquilidade dos cidadãos portugueses.
"Há uma coisa que me parece óbvia, é muito importante que operações como esta decorram, para que haja visibilidade e proximidade no policiamento e fiscalidade de atividades ilícitas", defendeu Luís Montenegro, em conferência de imprensa na capital da Bélgica.
Segundo a PSP, nesse dia 19 de dezembro, foi realizada uma "operação especial de prevenção criminal" na zona do Martim Moniz, Lisboa, sobretudo para deteção de armas e droga.
Numa nota divulgada, o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP explicitou que a operação na freguesia de Santa Maria Maior teve como objetivo "alavancar a segurança e tranquilidade pública da população residente e flutuante" e que "está a decorrer na zona da Praça do Martim Moniz, área onde frequentemente se registam ocorrências que envolvem armas".
De acordo com dados da própria PSP, após a operação foram feitas duas detenções, apreendidos 3.435 euros em numerário, um passaporte, diversos documentos por suspeita a auxílio a imigração ilegal, haxixe, uma faca com mais 10 centímetros de lâmina e um telemóvel que constava como furtado.
Os resultados, mas, sobretudo, a forma como foi conduzida e os alvos desta operação policial, entre outras manifestações de repúdio, levou já um grupo de cerca de 700 cidadãos, entre eles deputados do PS, Bloco de Esquerda e Livre, a apresentar uma queixa à provedora de Justiça, Maria Lúcia Amaral.
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