Montenegro? "Tivesse sido escrutinado como fui, não teríamos problemas"

Pedro Nuno Santos comentou a crise política, as eleições legislativas antecipadas, bem como as presidenciais, nomeadamente sobre o potencial candidato Gouveia e Melo.

Notícia

© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Notícias ao Minuto
17/03/2025 23:58 ‧ há 2 dias por Notícias ao Minuto

Política

Pedro Nuno Santos

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, abordou numa entrevista, esta segunda-feira, a crise política, as eleições legislativas antecipadas, bem como as presidenciais, nomeadamente sobre o potencial candidato Gouveia e Melo. Passou ainda por José Sócrates e pela comissão parlamentar de inquérito aos negócios da família do primeiro-ministro.

 

Comissão parlamentar de inquérito? "Fundamental"

Só uma comissão parlamentar de inquérito poderia "dissipar qualquer dúvida ou suspeita" sobre a empresa Spinumviva de Luís Montenegro, começou por dizer Pedro Nuno Santos, na antena da RTP. O líder socialista defendeu ser mesmo "fundamental" ter um instrumento parlamentar que permitisse o "acesso a informação e a prova documental para dissipar dúvidas" relativamente à empresa".

Afirmou ainda que "durante duas semanas", o PS acreditou que "o primeiro-ministro ia ser claro e responder a todas as questões". "Percebeu-se que não iríamos ter as explicações cabais para todas as dúvidas que existiam e, a partir de determinada altura, já só uma comissão parlamentar de inquérito nos dava instrumentos para dissipar qualquer dúvida e suspeita", relatou.

Questionado sobre o facto de uma comissão de inquérito ter como objetivo avaliar algo que foi feito no desempenho de funções públicas, Pedro Nuno salientou que "neste caso em concreto, a vida privada e profissional cruzam-se com a atividade de primeiro-ministro". "Era fundamental percebermos a natureza daquela empresa, o nível de influência do primeiro-ministro naquela empresa, potenciais riscos de conflito de interesses", sublinhou.

"Era importante dissiparmos qualquer dúvida e suspeita que existiam e que não eram apenas parte do PS, mas que existiam na sociedade", reforçou o secretário-geral do PS. Frisou ainda que "não era abrir um precedente", dando como exemplo o caso das gémeas que "atingia, direta ou indiretamente o Presidente da República". 

"Era impossível votarmos uma moção de confiança"

Sobre o porquê de o PS não ter optado pela abstenção no voto da moção de confiança, Pedro Nuno Santos foi perentório: "Era impossível votarmos uma moção de confiança".

"Se tivesse sido apresentada em janeiro, também a inviabilizaríamos. A moção de confiança pressupõe um grau de compromisso com a governação que o PS nunca poderia ter. O PS é um partido de Oposição", referindo ainda que "o que aconteceu nas últimas semanas foi acrescentar razões para se chumbar uma moção de confiança". 

Pedro Nuno Santos voltou a sublinhar que a "responsabilidade" da crise política "é só de uma pessoa", referindo-se ao agora primeiro-ministro em gestão, Luís Montenegro. 

"A interpretação que seria feita daqui em diante, seria uma interpretação completamente errada sobre a forma como o PS vê este Governo. Como é que nós chegaríamos a outubro [referindo-se ao Orçamento do Estado] quando depois de darmos um voto de confiança, continuaríamos a pedir essa confiança ao Governo", questionou Pedro Nuno Santos. 

O socialista afirmou ainda que "toda a gente viu" o primeiro-ministro a "usar a moção de confiança para tentar condicionar a comissão parlamentar de inquérito" e destacou que não houve nenhuma conversa privada com o primeiro-ministro, referindo-se ao debate como um "espetáculo degradante". 

Pedro Nuno Santos foi também questionado sobre a empresa do seu pai e se, no caso de ser eleito primeiro-ministro, não poderia haver acusações e suspensões de que beneficiaria a empresa, uma vez que tem contratos públicos. "No meu caso, as dúvidas já foram levantadas", sublinha recordando que, na altura, era ministro das Infraestruturas, e que houve não só um parecer consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR), como uma pronúncia do Ministério Público junto do Tribunal Constitucional sobre incompatibilidades que se verificaram que não existiriam.

"Não podemos fazer de conta que estamos a falar da mesma coisa", atirou, acrescentando: "a empresa é do meu pai, do sócio dele, não é minha da minha mulher ou do meu filho. Não tenho capacidade de influência sobre a empresa".

"Não podemos ignorar o que nos trouxe" à campanha eleitoral

Questionado sobre se o que acontece com o primeiro-ministro será tema de campanha, o secretário-geral do PS afirmou querer "discutir os problemas do país e dos portugueses". "Nesta campanha, em particular, não podemos ignorar o que nos trouxe a ela e o que nos trouxe foram dúvidas sobre a ética e a transparência do primeiro-ministro", notou. 

Já sobre se vai contrariar o pedido do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, Pedro Nuno disse "que é possível fazer uma campanha com elevação sem deixar de falar de um tema que é muito importante". "Em qualquer ato eleitoral, precisamos de primeiros-ministros honestos. Fala muito de que foi escrutinado, não sei de onde tirou essa ideia, porque tivesse o primeiro-ministro sido escrutinado como eu fui antes das últimas eleições, provavelmente não teríamos os problemas que temos hoje", elaborou.

Sócrates e Montenegro? "Realidades são diferentes"

"Não vou fazer fazer nenhum juízo desse ponto de vista, não me cabe a mim. Não me vou pronunciar", afirmou quando inquirido sobre se o caso de José Sócrates e o caso de Luís Montenegro são comparáveis. E acrescentou: "As realidades são diferentes e eu não vou fazer nenhum juízo".

O PS vai "aprendendo com tudo o que acontece" ao partido e às suas governações e que essa "autoavaliação é uma tarefa constante e permanente".

Eleições? "Só trabalho num cenário de vitória"

Pedro Nuno Santos já havia afirmado que se ganhasse as eleições sem maioria absoluta, pedia reciprocidade parlamentar ao PSD, perguntado se isso seria possível, disse: "Penso que o PSD deve isso ao país e aos portugueses, não é ao PS".

Inquirido sobre a possibilidade de se demitir da liderança do PS, caso a Aliança Democrática (AD) vença as eleições a 18 de maio, Pedro Nuno Santos respondeu apenas: "Só trabalho num cenário de vitória e aquilo que tenho sentido dos portugueses, das ruas [...] é que, de facto, o PS tem fortes possibilidades de ganhar".

O líder do PS disse ainda que o partido irá "fazer uma atualização" do programa eleitoral de há um ano, com "novas propostas". "Não vamos deitar ao lixo um programa que tem um ano", notou. Já sobre as prioridades, Pedro Nuno referiu três: "Economia, Saúde e Habitação". 

Gouveia e Melo? "Espero bem que não beneficie" da crise política

Sem candidato ainda escolhido para apoiar, o socialista afirmou que continuam "à espera da disponibilidade dos diferentes candidatos do PS para depois fazer uma escolha". 

Questionado sobre se a crise política criará vantagem para o Almirante Gouveia e Melo, Pedro Nuno Santos frisou: "Não consigo aceitar essa ideia, não percebo porque é que o Almirante pode beneficiar". 

"A partir do momento em que decide ser candidato a Presidente da República está a decidir ser político. Não há democracia parlamentar em nenhum país do mundo que se faça sem partidos políticos", sublinhando, novamente, que espera que Gouveia e Melo "não beneficie".

Leia Também: Rádios desafiam Montenegro e Pedro Nuno para frente a frente

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas