"A estabilidade para nós é um valor importante, o combate à corrupção é muito mais importante", afirmou André Ventura, em declarações aos jornalistas no Funchal, onde chegou esta noite para participar no último dia de campanha para as regionais antecipadas de domingo na Madeira.
Recusando ceder numa matéria que classificou como fundamental na identidade do Chega, André Ventura referiu que a decisão do partido de apresentar uma moção de censura ao Governo Regional minoritário do PSD -- justificada com as investigações judiciais envolvendo membros do executivo, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque -- foi "uma certa lição de democracia".
Ou seja, acrescentou, o Chega mostrou que é "um partido que não cede nos seus valores, na questão da luta contra a corrupção, na questão da transparência e, ao mesmo tempo, não teme enfrentar os eleitores e explicar-lhes as consequências das suas decisões e as consequências dos seus atos".
André Ventura disse ainda estar "muito confiante" relativamente ao resultado do partido nas eleições antecipadas de domingo, onde apresenta como cabeça de lista o líder da estrutura regional, Miguel Castro, apesar de se estar "num momento nacional e também regional complexo".
"O Chega tomou uma decisão que não era fácil neste contexto político, neste contexto regional, assumimos esse contexto, fomos para a rua com esse contexto, não fugimos nem aos votos, nem à nossa responsabilidade", afirmou, insistindo que a campanha eleitoral na Madeira é um sinal claro de que o partido "não tem medo de assumir a luta contra a corrupção como uma luta do seu ADN, da sua identidade".
Salientando que a alternativa na Madeira "tem de passar por um presidente do Governo Regional sem suspeitas de corrupção, íntegro e transparente", André Ventura disse acreditar que o Chega, que elegeu quatro deputados nas últimas eleições antecipadas na Madeira (uma deputada entretanto tornou-se independente), vai "solidificar" a sua posição.
"Mas, independentemente disso, o Chega deu uma lição de democracia, que é: quando há valores acima do constrangimento eleitoral ou político, esses valores não se negoceiam", apontou, repetindo que "a mensagem do Chega foi clara: em relação à corrupção não é não, nunca é nunca" e que o partido não cede, "seja no continente, seja na Região Autónoma da Madeira, seja na Região Autónoma dos Açores".
Às legislativas de domingo da Madeira, as terceiras em cerca de um ano e meio, concorrem 14 candidaturas que vão disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS-PP.
As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação da moção de censura apresentada pelo Chega e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS-PP dois. PAN e IL têm um assento cada e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).
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