"Nós vivemos um tempo de balbúrdia política na Madeira, de loucura política, com três eleições regionais num espaço de um ano e meio", disse o presidente do CDS-PP/Madeira, José Manuel Rodrigues, num jantar do partido no final da campanha eleitoral, num restaurante no centro de Câmara de Lobos.
O dirigente centrista opinou que "o povo tem que estar revoltado com aqueles que provocaram a crise política e têm de estar reconhecidos com aqueles que a tentaram, como foi o caso do CDS".
O candidato centrista declarou que a sua "alma ficou pasma" ao ouvir hoje Alberto João Jardim (ex-presidente do Governo Regional e líder do PSD/Madeira durante mais de quatro décadas) e Manuel António Correia (adversário e contestatário do social-democrata Miguel Albuquerque) terem "apelarem ao voto no PSD" nas eleições do próximo domingo.
"Não sei se é pura hipocrisia política ou se é um apelo verdadeiro", opinou o candidato do CDS-PP insular.
José Manuel Rodrigues recordou que Jardim disse que "Miguel Albuquerque tem de sair. A Madeira não pode ser "prisioneira de um homem só" (02 de novembro de 2024), enquanto Manuel António Correia, que foi adversário do líder social-democrata madeirense sustentou há pouco tempo que este "não tem a confiança da população, nem é capaz de ter um governo estável".
Por seu turno, Miguel Albuquerque reagindo a estas afirmações, considerou que os dois dirigentes do partido eram "uns ressabiados que só dizem asneiras", recordou José Manuel Rodrigues.
O candidato, que foi presidente do parlamento madeirense entre 2019 e 2023, considerou haver "muita gente ansiosa em vários partidos", enquanto o "CDS está aguardando serenamente o resultado das eleições e o que o povo vai transmitir no próximo domingo".
Salientou que "o CDS foi sempre na Madeira, ao longo da sua história, mas em particular nos últimos anos o referencial de estabilidade que ajudou à governabilidade da região", tendo contribuído para um governo insular estável entre 2019 e 2023.
"A partir de 2023 as coisas descambaram e não se deve ao CDS, deve-se a um partido que se chama PAN e ao próprio partido social democrata", argumentou.
Para Rodrigues, "quem provocou a crise política, em primeiro lugar, foi o PSD que revelou incapacidade para gerir os seus problemas judiciais, as suas divisões internas e para negociar com os outros partidos a passagem do orçamento para 2025 e impedir a aprovação de uma moção de censura", apontou, salientando que o CDS "revelou sempre sentido de responsabilidade".
"A bandeira da autonomia precisa de continuar a ser erguida. A autonomia precisa de ser revigorada e nós devemos ter cuidado om aqueles centralistas que em Lisboa dão ordens nos partidos na Região Autónoma da Madeira", vincou.
José Manuel Rodrigues considerou que o CDS-PP fez uma "campanha de propostas e soluções", concluindo que o partido vai "aguardar com serenidade e maturidade o veredicto do povo do próximo domingo" e que está "preocupado com a Madeira a 24 de março".
As legislativas da Madeira, as terceiras em cerca de um ano e meio, decorrem no dia 23, com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS.
As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega - que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque (PSD) -- e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS dois. PAN e IL têm um assento e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).
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