O antigo secretário-geral do Partido Social Democrata (PSD) Miguel Relvas apontou o dedo, na sexta-feira, à atuação do Presidente da República, ao presidente da Assembleia da República e até à bancada dos sociais-democratas em relação à última polémica com o Chega.
O Chega tem criticado os comentários de Augusto Santos Silva em relação às intervenções do partido. Ontem, no final de uma audiência no Palácio de Belém, André Ventura disse aos jornalistas que transmitiu a Marcelo Rebelo de Sousa que "ao não exercer nenhuma influência sobre o presidente da Assembleia da República, a possibilidade de um escalar de conflito físico, verbal e político é real".
"A democracia não ganha com estes episódios", sublinhou o também antigo ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares.
"Foi um excesso de linguagem que rapidamente se ultrapassará. O Parlamento sempre foi um espaço de confronto, mas nunca de violência - mesmo verbal", notou o antigo responsável do governo de Pedro Passos Coelho.
Já quanto à intervenção de Marcelo nesta polémica, o antigo secretário geral do PSD foi assertivo: "Não se envolveu só hoje [sexta-feira], envolveu-se esta semana quando teve um jantar com o presidente da Assembleia da República e ambos vieram a público dizer que tinham falado de tudo menos do caso do Chega".
E as críticas a Marcelo não ficaram por esta polémica. "O Presidente da República tem passado grande parte do segundo mandato a desculpar os erros do Governo", afirmou, acrescentando: "Ele justifica os erros do Governo".
"André Ventura excedeu-se", referiu, acrescentando que o episódio de sexta-feira foi diferente do que se passou há quinze dias, quando a bancada do Chega abandonou o Parlamento após uma intervenção de Santos Silva.
Este presidente da Assembleia da República tem uma intervenção que não cabe ao presidente da Assembleia da República", rematou, acrescentando que a quem ocupa este cargo "não cabe pronunciar sobre as opiniões e posições dos partidos".
"O que Santos Silva está a fazer é o que André Ventura quer - quer marcar oposição", referiu.
Reiterando que Santos Silva está a fazer oposição, o comentador disse que, ao contrário do que acontecia há uns tempos, há agora oposição vinda do PSD. E se o rosto o Chega era "o rosto da oposição", esse lugar é agora substituído por um PSD de Luís Montenegro. "Tiveram que encontrar uma nova atitude e novas causas", sublinhou.
"André Ventura quer marcar o espaço político. Está aflito porque vê hoje que dentro do espaço político da oposição nasceu uma liderança em relação ao PSD e não quer perder o espaço", comentou.
Para além das críticas a estes dois governantes, Relvas apontou ainda o dedo à sua bancada, que aplaudiu uma das intervenções de Santos Silva. Ainda quanto à possibilidade de Santos Silva vir a suceder a Marcelo Rebelo de Sousa, o comentador garantiu que este não se adequava ao papel. "É um politico que divide e não que une", disse, rematando que Santos Silva "não era capaz de sair do seu espaço político", tal como é necessário para o cargo.
Leia Também: Chega? Santos Silva "está-se a colocar numa armadilha", diz Louçã