António Costa reagiu, na manhã desta segunda-feira, à saída anunciada de João Cotrim Figueiredo da liderança da Iniciativa Liberal (IL), considerando que o partido, "como já percebemos, decidiu passar a competir com o Chega no estilo de truculência e má educação democrática de como intervém no debate público".
"Percebo que João Cotrim Figueiredo não se sentisse à vontade nesse estilo de luta livre no meio do lamaçal. Conheço-o bem, admito que não se sinta bem", acrescentando que "foi uma opção estratégica que a Iniciativa Liberal fez".
O primeiro-ministro frisou ainda que "a Direita democrática em Portugal tem um verdadeiro fascínio pelo Chega". E "todos, em vez de entenderem que afirmam a sua identidade demarcando-se do Chega, têm a mesma voragem de normalizar o Chega, de conviverem com o Chega e de imitarem o Chega".
"Deviam olhar para Itália e ver o que é que acontece. Quando os partidos da Direita democrática começam a normalizar a extrema Direita, aquilo que acontece é que acabam a ser liderados pela extrema Direita. Bom futuro para eles e que continuem com essa estratégia que vão longe".
Mas António Costa deu também o exemplo do que se passou no Reino Unido, durante o (curto) governo de Liz Truss: "Com a chegada de uma hiperliberal, estilo Iniciativa Liberal, a primeira-ministra de Inglaterra, que conseguiu em 15 dias apresentar um mini orçamento; que em quatro dias desvalorizou a libra, obrigou o Banco de Inglaterra a fazer uma subida extraordinária das taxas de juro e a ir resgatar quatro ou cinco fundos privados de pensões e que acabou por ter de demitir o ministro das Finanças e de, apesar de nomear um ministro das Finanças que revogou tudo o que o outro tinha feito nos 15 dias anteriores, ela própria acabou por ser demitida... percebo que quem lidera a Iniciativa Liberal se sinta, hoje, muitíssimo embaraçado".
Esta 'confusão' no Reino Unido foi apelidada por António Costa como uma "demonstração prática do que seria a Iniciativa Liberal a governar". "Como em 44 dias se destruiu dois dos grandes mitos que animam essas iniciativas liberais: o mito do choque fiscal [...] e da construção de um sistema de Segurança Social assente na confiança das poupanças das pessoas em fundos privados".
De recordar que a Iniciativa Liberal anunciou, este domingo, que o atual líder do partido, João Cotrim Figueiredo, não se vai candidatar à liderança dos liberais nas próximas eleições, que se realizarão durante a convenção marcada para dezembro. O deputado explicou que a decisão é estratégica, considerando que não é "a pessoa ideal para corporizar" a "tónica mais combativa, mais popular e mais abrangente a nível nacional" que o partido "precisa".
Rui Rocha, deputado e membro da comissão executiva da IL, anunciou, depois, que é candidato à liderança do partido nas eleições antecipadas.
OBRIGADO, JOÃO!
— Iniciativa Liberal (@LiberalPT) October 23, 2022
MO-NU-MEN-TAL
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A VII Convenção Nacional vai realizar-se em dezembro e antes desta antecipação de eleições para a comissão executiva hoje anunciada ia apenas eleger os membros do conselho nacional, do conselho de jurisdição e do conselho de fiscalização uma vez que os calendários estavam desfasados.
[Notícia atualizada às 11h30]
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